sábado, 26 de março de 2016

Texturas de um tempo

As minhas texturas pela manhã de outrora
Quando criança caminhava para a escola raspando a mão nos muros. Pela textura, pelo cal, pelas heras, eu sabia se estava chegando ou não.
Conhecia cada muro da vizinhança como um degrau da própria escada de casa. Eu caminhava mais pelo tato do que pelos olhos. Assim, do mesmo jeito, o olfato me guiava.
Conhecia pelo cheiro a cerração das manhãs ou a luz alvoraçada da primavera. Identificava a floração e o pólen das árvores de meu bairro. As árvores eram pessoas que eu cumprimentava.
Tinha por hábito contar as pessoas e passos que davam
Vez ou outra me imaginava adulto. O que eu seria? Quais meus filhos? Mulher? Rico ou pobre?
Olhava para o Céu azul de São Paulo, nas poucas vezes que o sol dava a oportunidade de apreciar aquela cor tão azul que me sentia flutuar. Muitas vezes parava na passarela que transportava as pessoas de um lado e outro, e ficava vendo os carros passar. Essas dúvidas: Todas existiram.
As dúvidas? Ainda permanecem...
Eu despertava para a aula não com nenhum alarme, e sim com o barulho da porta pesada de ferro do armazém se levantando, indicando que era hora de comprar meu lanche, se quisesse comer no intervalo.
Quando amo, não são os meus olhos que me avisam que estou amando, mas a minha pele. É química ou não é!
Desconfie do que vê. Que mantenha a infância dos outros sentidos abertos para não cometer nenhum preconceito.

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