O que os olhos não dizem, o resto se apaga.
Palavras são palavras
A gente diz tanta
coisa sem querer
Em uma frase solta se torna um contexto vazio
Numa afirmação um conteúdo ferido
Numa discussão uma perda de tempo
Agora em um olhar, as palavras perdem todo significado.
Ou é a alma que nos grita alucinadamente: compreenda-me!
O gestual é outro
O andar é outro
A voz sai presa
Os olhos aproveitam milésimos de segundos para esculpir toda
uma história em decorrência da gente
Os olhos é uma vida e
um labirinto repleto de emoções
Cada movimento é um código único: o que eu quis dizer –
desfaça tudo
Um sentimento preso: ajude-me a fugir de mim
Uma resposta não dada: tudo sei, só não sei expressar
Uma antecipação de um por quê : volte logo
Parou o mundo, só não parou o pensamento
Eis aqui a fração de segundo desenhada em um caderno de
adulto, transformado em criança.
Até que se aprenda a conviver, somos todos
infantis envelhecidos pelo peso de nosso nome, pelo peso de nossa idade e pela
convicção falseada de certezas, não mais tão certezas assim.
Nada nesse mundo ocupa tanto espaço quanto nós
Nada nesse mundo passa tão perto e tão longe quanto nós
Nada nesse mundo calcula tanto o que vai dizer e não diz
nada quanto nós
Falar o que se sente sempre foi fácil, meramente palavras.
Praticar isso é um fardo para a humanidade. A gente cresce
aprendendo que dizer toda verdade é exposição demais: entende que é errado
A gente aprende assimilar desconfianças e ocultar
pensamentos
A gente descobre que o lado bom é ser uma pessoa para o dia
e outra pra noite
A gente perde o prazer de ser leve, de amar leve.
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