No fundo está todo mundo meio perdido mesmo. A gente procura uma resposta sem saber qual a pergunta. A gente tenta encontrar nos outros o que não conseguimos achar em nós mesmos. É tanta gente com certeza absoluta do que não tem a menor ideia. São tantos sentimentos supostamente eternos chegando ao fim.
E eu continuo aqui, observando a massa tentando escrever sobre tudo isso. Mesmo com tantos números, ainda consigo enxergá-los. Tem uma ali chorando por alguém que prometeu enxugar as suas lágrimas. Aquele outro parece já ter desistido de sonhar. A garota sente saudade de quem não está mais por aqui. O rapaz parece desejar voltar no tempo. A mulher mais bonita da rua já não quer mais sair de casa. O garoto que queria viajar o mundo agora passa horas no escritório de terno e gravata.
Sorrisos nas fotos, lágrimas nos travesseiros. Pode até soar estranho,
mas tem horas que as pessoas parecem ter tudo para ser feliz, menos a
felicidade. E a vida vai passando sem que a gente perceba. Por dentro
somos todos muito parecidos. Todo mundo tem uma saudade contida, uma
lembrança doída e um amor mal resolvido. As dores são as mesmas, só
mudam de endereço. Acontece a todo instante, por todos os lados. Todos
nós algum dia acabamos apostando errado e pagamos caro por isso. Que
atire a primeira pedra quem nunca despedaçou um coração. E que atire a
próxima quem nunca teve o seu despedaçado.
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