sábado, 26 de março de 2016

A maior prova do amor não é ser maluco por alguém.

A maior prova do amor não é ser maluco por alguém.
Nem é conquistar por cima de paus e pedras. Comprar flores, ligar para amigos afim de marcar encontro. Forçar situações, expor no ridículo da risada forçada de um filme sem graça, mas que com ela faz todo sentido.
Isso é paixão. E paixão tem nome de manicômio.
" Aqui jaz um apaixonado internado no coração de alguém - leia-se maluco "

Ninguém mantém suas atitudes, conserva suas latitudes.
A paixão é uma pane controlada. Você age como quem vê e escuta como um surdo.
A paixão é um convite para o constrangimento público. Se for reciproco, veremos dois mais ou menos juntos, querendo ser um apenas. Até que uma chuva de vidros, cometas e pregos caia do céu, ninguém cede.
Terá que convidá-la a dançar na rua sem som nenhum, ou gritar seu nome desesperadamente na parada do metrô, ou beijá-la no meio de um bar como se não houvesse gente alguma querendo passar pelos corredores.
É necessário escandalizar os passantes, é necessário um público incrédulo e invejoso que não entenda o que vocês estão fazendo.
Ambos andarão na contramão da hora e do espaço, isolados na própria alucinação, resguardados pela onipotência do desejo.
O desatino desse jogo é o pedágio da conquista.
Mesmo que a medicina arrume a cura, há quem queira ser louco nesse segmento e não provará das mais infalíveis provas que a paixão é pura doença.
É estranho concluir que nos habilitamos para o relacionamento sendo inconsequentes. Agindo infantilmente.
No amor, podemos pedir a mão ao destino. Na paixão, pedimos a mão dela para mergulhar no abismo.
Longe de descrever com assíduo conhecimento sobre a paixão. Qualquer um pode se apaixonar. Loucos, débeis, déspotas já se apaixonaram. Se os animais soubesse falar diriam que já se apaixonaram também. Vão lembrar daquela cachorra ou potranca lá na esquina de algum lugar.
Demônios se apaixonam também, ou serei queimado na fogueira se diria que a cobra se apaixonou pela serpente transfigurada de Eva do Adão sem lar?
Isso é ainda paixão... e paixão queima com vontade de queimar, até que não exista mais nada um sobre o outro.
Para mim prova de amor... é o momento em que os dois provam que estão preparados para a maior loucura que um casal é capaz de experimentar dali para frente: dividir normalidades.
Que o amor seja grande nas normalidades que nos tornam muito mais loucos e corajosos do que os que pulam da ponte de amores impossíveis... para esses aí cabem um Narciso para cada um...

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