quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

O preconceito é de todos
Estava hoje no Carrefour, na fila de compras de até 10 volumes, à minha frente tinham 3 pessoas antes de chegar ao caixa. No próprio caixa, estava sendo atendida uma senhora negra, ( mas, por que falar da cor? ), espera que é sobre isso mesmo... O caixa que atendia, era um anão, isso mesmo: um anão, aparentando acima dos 40 anos. Talvez um pouco enrolado, mas de atitude proativa e atencioso. Confesso que o atendimento estava demorando demais, e comecei ouvir um buchicho atrás de mim: - " Esse anãozinho é todo enrolado..." - " Aff, demora da gota! ".
- Não sei porque alguém chama um anão de anãozinho...?! - O único anãozinho que conheço são os gnomos, mas até que se prove o contrário, não existem!
Eu fui tomar pé do que estava acontecendo mesmo, quando observei que a senhora elevava o tom da voz e anunciava aos quatros cantos do supermercado que queria a troca do caixa, porque ele estava errando no valor da soma das suas compras.
Abre aspas
- Quarenta reais? Tá errado isso! Quero outro caixa!
Fecha aspas.
- Só o peru perdigão dela dava 40 reais, o que ela estava querendo? Pensei logo.
Rapidamente, o Carrefour escaldado pelos últimos acontecimentos, mandou uma caixa supervisora para saber, e o senhor que era o motivo da pendenga, foi avisado para se afastar. A nova caixa, recontou e bateu o mesmo valor. Ao lado, o caixa ( anão ) respondia a ela com sorriso tímido, mas na dele, tentando tirar na esportiva o acontecimento. Eu, que sou do tipo observador, olhava as expressões de seu rosto e seu comportamento, notando nitidamente seu desconforto, mas também sua luta interna para parecer alegre e cordial, era algo no seu olhar que remetia toda sua recordação de vida e dos bullyngs e preconceitos sofridos ao longo do tempo. Vi um filme nada agradável passar à minha frente. O que me incomodava ainda mais, é que todos do supermercado, das pessoas na fila, ao supervisor, as testemunhas e mesmo da senhora ( negra ), ninguém pediu desculpas ou defendeu ele. Parecia certo, alguém desrespeitar o outro por sua condição genética. Uma vez que deve passar na cabeça das pessoas que anão é doente mental ou tem limitações neurológicas para não saber exercer funções como caixa, por exemplo. E, que aquela gritaria foi normal, afinal ele poderia ter errado mesmo. - Mas não errou!
Me irritava a cada vez que pensava na inversão, e ninguém percebia que se fosse ela a caixa, e como negra, haveria de ter alguém no supermercado que iria defender e acusar

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