quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Mãe possessiva x filha ingrata
Em 2007, foi o ano que meu pai morreu, foi também o ano que engatilhava um namoro com uma moça de Maceió, e por volta da última semana de dezembro, resolvi aceitar o convite dela para passar o réveillon nesta cidade. Comprei passagens logo cedo para pegar o ônibus das 17:30h. Chegaria por volta de 3 da manhã, muito tempo para se pensar sobre os últimos acontecimentos. Embarquei na hora e fiquei sozinho na fileira do meio do ônibus. À minha frente estavam duas mulheres conversando já algum tempo sobre o mesmo assunto, e soube de ouvir a conversa que eram irmãs, o assunto girava em torno da “ filha ingrata “; e de como foi possível que ela tivesse trocado o réveillon delas pelo “ namorado “.Eu ouvia, todos ouviam as lamúrias, mas eu estava mesmo a fim de dormir um pouco, quando o motorista desligou as luzes, achei que a matraca iria silenciar, mas não foi isso, apenas diminuíram o tom da voz. A mãe lembrava a irmã, que a tal filha “ ingrata “, e ela, eram amigas inseparáveis, desde pequena.... A mãe lembrava também, de como mergulhou no ofício da maternidade de cabeça e que havia se fechado para todo o resto – incluído homens e relacionamentos. Logicamente reflexionei sobre o que ouvia, e quase me cocei para dizer o que de errado aconteceu:
Pensei em dizê-la: - Minha amiga: Trocar uma relação pela maternidade sabática, não te torna a melhor mãe do mundo. Filhos a gente ama por escolha, o resto é com eles. O pior erro da gente é achar que eles serão crianças para sempre. Existe ali um mini-adulto com potencial para cometer muitos erros, e é seu dever ensinar o BEM e a maneira certa de fazer as coisas. Quando se deixa de viver a própria vida, se relacionar com outros, apaixonar-se, amar-se e sentir-se livre do peso das obrigações auto impostas - cria-los será uma tarefa mais fácil e a aceitação que eles também vão partir e ter suas próprias vidas, também será mais fácil. O problema é colocar todo o peso e a responsabilidade nos ombros deles. Trocou a figura masculina pela filha, porque pensou que ao renunciar sua vida, a filha renunciaria também a dela. Você não tem porque renunciar nada! Viver um casamento de aparências. Uma vida isolada. Uma relação comprada, desgastada, só porque tem filhos. Muito menos pagar de monge, para ser recompensada. Lógico que a menina cresceu, com mimos, com privilégios, mas com uma baita pressão dada pela mãe. Amor obsessivo dá em fuga, sempre foi assim, sempre será não mudará nunca o resultado final de exigir de alguém que retribua seu amor.
Enquanto mentalmente dizia todas essas coisas, percebi o sono chegar e a matraca se calar, pensei em dizer também, que ainda há tempo de decidir viver sua própria vida, mas já era a hora de ver Morpheu.

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