Aquela velha expressão que diz “engolimos sapos", às vezes não engolimos não!

Em determinados momentos da vida passamos engolindo sapos e sapos, e nada acontece. Até que um dia, ferve o leite, e entorna tudo rapidamente. Daí que eu falo com cuidado com as palavras, porque elas têm um poder de modificar as pessoas e os sentimentos. 
Era uma data de natal desses em que a gente, particularmente fica todo emotivo. Eu era um dos convidados daquele evento, sabia e conhecia muitas pessoas de lá, inclusive que um rapaz tinha sentimento novo com uma moça daquele evento. Combinei de chegar cedo pra ficar conversando com as pessoas e ajudando também. Até que ela entrou.
A princípio eu só os observei pelas expressões. Fizeram o primeiro contato visual, nessas horas é que a gente se amaldiçoa por saber ler as pessoas.
A expressão dizia: “Gostaria que não tivesse vindo”.
Ela fez a mesma pergunta por duas vezes: - Ué? Por que veio?
Talvez por achar que ele não tivesse ouvido a primeira, reforçou-a na segunda vez, isso com todos os presentes.
Logicamente, ele tratou de agir passivamente, dizendo que estava ali por afinação com o clima festivo. Mas, dentro, um raio digno de Zeus cortava-o todo, dissipando qualquer razão de estar ali. Meu primeiro pensamento foi de retirada. Mas, achei que ele estava devidamente enterrado demais na cadeira para conseguir sair do choque inicial. Afinal era natal, não se sai duma ceia de natal com amigos sem explicação plausível. O sapo foi aquele momento. Apesar de tantos outros bons que tiveram antes, conversas e diálogos profundos, já devia ter levado outros foras, mas o sapo deste dia, dizia muito mais coisas além daquilo que ouvira. Poderia descer o trenó do bom velhinho com todo o polo norte que perdia no gelo, no qual ele ficou.
- Não importa que ela tivesse refeito todos os passos. Pedido desculpas, alegado surpresa e esquecimento. Afinal cada desculpa, era um remendo que desmoralizava o soneto. Se estivesse surpresa, estava errada : ele avisou que iria! Se alegar esquecimento, piorou ainda mais: ele valorizava aquela pessoa, porque é que ele virou mero objeto de Alzheimer de repente?
Por isso que palavras, não só palavras. E ações correspondem às intenções e pensamentos. Grandes homens bons ou maus sabiam disso. Sabiam da força da expressa e o efeito que causa nas pessoas. Ele nunca mais foi o mesmo.