quarta-feira, 16 de janeiro de 2019



Nunca mais mandei flores
O que estraga toda tentativa de romance é o mensageiro. O próprio romance em si atua pouco no início para se prejudicar. A primeira vez que mandei flores para alguém na vida, eu estava já previamente abatido pela flecha da paixão, do tipo que sabe o que sente, só não sabe descrever. Já tínhamos saído para cinema, pego na mão, beijado e confiscamos pequenos segredos – tudo nos conformes. 
Então, logicamente, tudo encaminhava para o dia do aniversário dela, achei por bem comprar flores. À principio seria meia dúzia com uma caixa de chocolate garoto ( rsrs ), mas resolvi esbanjar e comprei logo uma dúzia e troquei pela marca da Nestle, com ela eu iria bancar o “ ricão “
Fui à floricultura já com a caixa de chocolate, paguei pelas flores e pedi que entregasse no trabalho dela, e dei um papel rabiscado com meus pensamentos a respeito do nosso futuro namoro. Provavelmente, ela seria como eu e fosse avessa aos espetáculos que certas provações de amor são, do tipo daquele carro que vai falar merda na porta da casa das pessoas, eu sou avesso totalmente, portanto pedi bastante discrição e que ele entregasse logo e fosse embora.
Previamente fiquei apreensivo e esperei o telefone tocar o dia todo no trabalho, nunca aconteceu! Esperei encontrá-la à noite, nada – noutro dia, nada de telefone tocar e já bem no segundo dia, indo para a aula, encontrei-a desta vez conversando com amigas, mas de longe, sem querer me encontrar. Senti certa indiferença e aborrecimento, como não éramos da mesma turma, achei que ela não curtiu o presente e que tudo era só da minha cabeça mesmo. Já estava preparado para assimilar o golpe da promessa de amor eterno não cumprido, quando uma pessoa amiga em comum, chegou à mim e disse:
- Mas, boy... tú fala tão bem, porque é que tu mandou um bilhete dizendo para ela sem olhar os erros de português?
- Como é? Tá louco?
Todo mundo riu na classe boy! “ (...) Espero que “resseba” essas flores, como voto de meu “interece” por você eterno e “ mim “ dê uma chance (...)!
Esperei a noite toda para que a floricultura abrisse pela manhã e cheguei bem cedo, tentei primeiro esganar o cara, mas ele disse que tinha perdido meu cartão e resolveu tentar copiar de cabeça o que tinha lido. Se ele me copiou não sei, mas sabia que tinha escrito uma comédia sobre minha vida, isso ele tinha feito sim. Enfim: - Nunca mais mandei flores!

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