quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Busca alguém que pelo menos lembra o que conversou contigo ontem.
Não tem prova maior de interesse do que ser ouvido e lembrado em todos os pormenores. Eu falo a vida todo de gestos e ações, só palavras viram borrões em lágrimas. A começar pelo gesto da lembrança. Não adianta doar poesia se alma é fria. Tem que haver conteúdo para ser tempo futuro.
Ora, se você não se esmera em adquirir conteúdo, nem que seja sobre si mesmo, como é que exige da outra profundidade? O atual mundo te pede algo além de fotos postadas em páginas sociais. Só sair, não gera conhecimento. Só ficar não diz nada. Só sexo, não revela intimidades. Retorno a dizer: - Se a outra pessoa não se lembra dos assuntos relevantes conversados pelos dois, não é amor; porque amor marca, escreve, anota contextos indeletáveis.
Não há nada mais frustrante do que descobrir que não existe memória no outro. Tudo se passa muito desassociado, distante, sem histórico. A primeira atitude dos seres humanos modernos é se expor em descobrir no outro costume, associações, gostos, paladares e sonhos contidos; é o início onde começa a se revelar se haverá banquinhos de praça para se sentarem ao por do sol. Sem uma história por trás não existe relevância.
Queira alguém que não te pergunte o que você disse ontem...

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