quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Não somos as vítimas!


Não somos as vítimas!
Acompanhei um depoimento de uma senhora de 62 anos, muito revelador! Ela contou sobre um abuso sexual que sofrera com o tio aos 19 anos. Nesta época, jovens não tinham credibilidade para denunciar coisas tão contundentes; resolvera ficar calada sobre o corrido. O tio nunca mais encostou nela. Mas disse que o estrago emocional já tinha sido feito. Não que ela soubesse na época. Ela contou que teve três casamentos e dois noivados. Uma coisa fora do padrão da família e que isso envergonhavam eles. No começo, não ligava se a achavam a ovelha negra. Após se formar, um mestrado e um concurso muito bom - começou a pensar que não precisava de mais nada e nem ninguém palpitando em sua vida. Com 57 anos, descobriu-se em depressão e com um tumor no estômago (operável), mas a depressão estendeu-se adiante, agravado pela morte dos pais idosos e pelo único filho que foi morar nos EUA. Ela o tinha na conta de tê-lo sempre ao lado, deu de tudo, mas ele fracassou em seus casamentos também. Caiu a ficha: - “Percebi que minhas relações todas eram baseadas na experiência com o meu tio. Os homens com que me relacionei eram do mesmo naipe, mesmo trato”. Ela disse também que depois de muita terapia, que só amenizavam, mas não explicavam, entendeu tudo de repente, quando um dia observou a sobrinha que sofria da síndrome do “dedo podre”. O caso dela era de violência doméstica. Tinha apanhado do ex-marido, sido traída e trocada - consequentemente vivia saindo de uma relação para outra, sempre com traições, amantes, casamentos desfeitos, a sobrinha só entedia o confronto com homens, como estivesse os punindo pelo tipo de homem que se casou. Isso revelou o seu problema. Percebia agora que fazia a mesma coisa: Tentava controlar e enfrentar todos os homens da sua vida, como se fossem o tio que ela não enfrentou no passado. No fundo ela achava que tinha fraquejado, tinha cedido ao abuso e foi culpada também. Enfim, esta batalha durou 62 anos. Hoje sozinha, sentia que tinha gasto todas as suas energias em vinganças tolas. Cada pessoa é uma pessoa. O que deixamos de enfrentar hoje não some simplesmente como a mágica. Se não enfrentarmos, eles (nossos demônios ), vão nos consumir e ganhar a guerra.

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