sexta-feira, 6 de maio de 2016

Vida de parachoque de caminhão e Alice Lispector




Não é de hoje que Augusto Cury e Alice Lispector são utilizados como base para temáticas do dia a dia.
De cada 100 frases nas redes sociais, os dois monopolizam metade sem dúvida.
O que eu pergunto é quantos praticam suas frases?

Eu sou muito reticente em usar dessas coisas na minha timeline, acho muito modinha e na prática considero comercio de livros de autoajuda. Se formos mesmo escrever uma linha aqui, quem é que não esta passando por algo parecido? Essas frases são recorrentes desde os anos de lá vai pipoca.
Dor de cotovelo - Dor corno – Separação – Morte – Perda – Fracasso são as temáticas usadas por esses comerciantes da dor alheia e do amor não correspondido. Não vejo nada de diferente das religiões que vendem as boas novas e as teorias da prosperidade.

O que muito me preocupa é que não vejo gente de verdade querendo sair. Estamos vivendo uma época do tudo pronto e na mão – inclusive para cura dos males do coração e da alma.
Ninguém quer aprender com os próprios erros. Tentar entender, buscar soluções em si mesmas ou quiçá em Deus.

Se você na maior boa vontade for oferecer dois caminhos, onde um é este:
- Olha se for por aqui, vai demorar um tempo, mas você se conhecerá melhor, terá forças, com os dias tudo volta à normalidade e disso sairá melhor, só basta ter fé e boa vontade. Topa?
E qual é a outra?

- Aqui você paga 200 contos hora o analista, toma duas caixas Rivotril e fluoxetina e na mais tardar cinco dias já estará ficando melhor. Custo total R$ 2.000,00 reais. Oba! É este mesmo!
Estamos jogando os problemas e as emoções para debaixo do tapete. Transformando seres humanos em contêineres de medicamentos e biblioteca de livros de autoajuda.
O adulto de hoje está tratando suas emoções pessoais como doença. O que é gravíssimo a meu ver. Vai faltar estrutura emocional mais tarde a essa pessoa. O que nenhum remédio dá.
Outro dia eu me deparei com uma senhora na porta do necrotério, esperando seu terceiro filho ser conduzido ao carro da funerária, pois havia morrido naquela noite e não conseguimos impedir isso. Consternada, triste, mas sem grandes exageros, ela contou que este era o segundo morto pelo envolvimento com o crime. Tinha grande fé que o mais novo e único agora não se envolveria. Olhei para aquela mãe e duvido que ela fosse do tipo que tomava rivotril ou qualquer droga para ter aquela consciência profunda dos fatos. Isso tem uma referência: Resilientes.

É necessário um profundo conhecimento da dor e vitória pessoal sobre esses contratempos, para ter confiança em Deus e na sua capacidade de aprender com a vida.
Tem gente tomando remédio para acabar namoro, porque não tem razão alguma de fazê-lo, mas e a coragem de lutar? Assim como tem gente tomando para aguentar separação. Nem os remédios – muito menos os escritores citados aqui, têm esse poder de vender EXPERIÊNCIA DE VIDA. Ninguém pode viver sua vida, muito menos suplantá-la com ideias prontas e preconcebidas.
Se você é do tipo que foge dos problemas, foge das relações, acusa as pessoas de complicadas, ao mesmo tempo abusa de expor uma imagem de uma pessoa que não é: procure ajuda sincera e espiritual. Mas faça isso com sua vontade própria. Você pode estar vivendo uma vida emprestada de alguém e não compreendeu isso até aqui.

As redes sociais são verdadeiros tablados de criar artistas baratos. Somos conduzidos pelo modismo de selfies e exposições de classes sociais muito diferentes das nossas. Ninguém mostra a bolacha creme cracker do café da manhã. Uma amiga minha afastada, uma vez mostrou pelo zap uns pratos bem bacanas. Perguntei a ela: - Cadê o arroz, feijão e o suco desse almoço? Ela disse: kkkkk eu não vou mostrar né!!! Isso eu coloco depois da foto e como.

Nessa conversa despretensiosa e engraçada, surge um mundo de gente que pensa e age igual, não entendendo que sua vida é aquela que se vive. Isso é só um começo para dia após dia se transformar em outra vida, tudo longe daquilo que nos fez chegar até aqui.

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