Não é de hoje que Augusto Cury e Alice Lispector são
utilizados como base para temáticas do dia a dia.
De cada 100 frases nas redes sociais, os dois monopolizam
metade sem dúvida.
O que eu pergunto é quantos praticam suas frases?
Eu sou muito reticente em usar dessas coisas na minha
timeline, acho muito modinha e na prática considero comercio de livros de autoajuda.
Se formos mesmo escrever uma linha aqui, quem é que não esta passando por algo
parecido? Essas frases são recorrentes desde os anos de lá vai pipoca.
Dor de cotovelo - Dor corno – Separação – Morte – Perda – Fracasso
são as temáticas usadas por esses comerciantes da dor alheia e do amor não
correspondido. Não vejo nada de diferente das religiões que vendem as boas
novas e as teorias da prosperidade.
O que muito me preocupa é que não vejo gente de verdade
querendo sair. Estamos vivendo uma época do tudo pronto e na mão – inclusive para
cura dos males do coração e da alma.
Ninguém quer aprender com os próprios erros. Tentar
entender, buscar soluções em si mesmas ou quiçá em Deus.
Se você na maior boa vontade for oferecer dois caminhos,
onde um é este:
- Olha se for por aqui, vai demorar um tempo, mas você se
conhecerá melhor, terá forças, com os dias tudo volta à normalidade e disso
sairá melhor, só basta ter fé e boa vontade. Topa?
E qual é a outra?
- Aqui você paga 200 contos hora o analista, toma duas
caixas Rivotril e fluoxetina e na mais tardar cinco dias já estará ficando
melhor. Custo total R$ 2.000,00 reais. Oba! É este mesmo!
Estamos jogando os problemas e as emoções para debaixo do
tapete. Transformando seres humanos em contêineres de medicamentos e biblioteca
de livros de autoajuda.
O adulto de hoje está tratando suas emoções pessoais como
doença. O que é gravíssimo a meu ver. Vai faltar estrutura emocional mais tarde
a essa pessoa. O que nenhum remédio dá.
Outro dia eu me deparei com uma senhora na porta do
necrotério, esperando seu terceiro filho ser conduzido ao carro da funerária,
pois havia morrido naquela noite e não conseguimos impedir isso. Consternada,
triste, mas sem grandes exageros, ela contou que este era o segundo morto pelo
envolvimento com o crime. Tinha grande fé que o mais novo e único agora não se envolveria.
Olhei para aquela mãe e duvido que ela fosse do tipo que tomava rivotril ou
qualquer droga para ter aquela consciência profunda dos fatos. Isso tem uma referência:
Resilientes.
É necessário um profundo conhecimento da dor e vitória
pessoal sobre esses contratempos, para ter confiança em Deus e na sua
capacidade de aprender com a vida.
Tem gente tomando remédio para acabar namoro, porque não tem
razão alguma de fazê-lo, mas e a coragem de lutar? Assim como tem gente tomando
para aguentar separação. Nem os remédios – muito menos os escritores citados
aqui, têm esse poder de vender EXPERIÊNCIA DE VIDA. Ninguém pode viver sua
vida, muito menos suplantá-la com ideias prontas e preconcebidas.
Se você é do tipo que foge dos problemas, foge das relações,
acusa as pessoas de complicadas, ao mesmo tempo abusa de expor uma imagem de
uma pessoa que não é: procure ajuda sincera e espiritual. Mas faça isso com sua
vontade própria. Você pode estar vivendo uma vida emprestada de alguém e não
compreendeu isso até aqui.
As redes sociais são verdadeiros tablados de criar artistas
baratos. Somos conduzidos pelo modismo de selfies e exposições de classes
sociais muito diferentes das nossas. Ninguém mostra a bolacha creme cracker do
café da manhã. Uma amiga minha afastada, uma vez mostrou pelo zap uns pratos
bem bacanas. Perguntei a ela: - Cadê o arroz, feijão e o suco desse almoço? Ela
disse: kkkkk eu não vou mostrar né!!! Isso eu coloco depois da foto e como.
Nessa conversa despretensiosa e engraçada, surge um mundo de
gente que pensa e age igual, não entendendo que sua vida é aquela que se vive.
Isso é só um começo para dia após dia se transformar em outra vida, tudo longe
daquilo que nos fez chegar até aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário