quinta-feira, 5 de maio de 2016

O menino que se arrependeu de matar as formigas.





Dentre tantas coisas na vida para se fazer ou dizer - eu não me emendo mesmo...
Sou do tipo que tento,tento,tento, até não mais conseguir dizer nada.

Além de escrever, sou um eterno torcedor do dia seguinte.
Acordo esperançoso que hoje vai.
É hoje que recebo aquela boa notícia.
E quando mesmo terminado o dia, arrastando-me para a cama para mais uma noite de sono curta, acredito em meu travesseiro se não foi  hoje, mas amanhã vai...

Tenho aquela coisa de não querer deixar nada para trás – desistir fácil.
É uma falha e um lamento. Eu concluo sempre que não disse tudo que tinha de dizer... Não fiz o bastante. Na maioria das vezes acabo só percebendo que corri demais, quando percebo que nem mais quero aquilo.

Gasto muito tempo em  planos, escrevo muito só de pensamento. Deixo meus olhos correr o teto do meu quarto, calculando os passos, as falas, o que vou fazer depois de ganhar na loteria. Gosto até de rever minhas mancadas. Como eu disse: não me emendo mesmo.

Não sei se com os outros é assim: tenho uma necessidade urgente de concluir tudo.
Parece que me falta capítulos para escrever ou então atores de menos.

Todas as noites já são sagradas, espero o carro do lixo passar, levanto abro a janela do meu apartamento e fico observando os caras lá esvaziando o lixo. Nunca são desanimados, falam muito, brigam uns com os outros e saem correndo para pegar outras casas, na verdade o único que fica melancólico sou eu. Penso que eles não querem aquela vida, tanto quanto eu a minha. Daí vou dormir e acabo por esquecer o meu duelo noturno com os meus pensamentos.

Tenho outro péssimo hábito de dizer aquilo que eu penso; não que eu tenha algo relevante para dizer, serve-me como terapia. Contudo penso que o outro não gostou de ouvir.

Tem certa fase na vida da gente que as coisas possuem lupas de aumento. Você faz e diz ,depois vai lá e verifica no mundo microscópico a quem mais feriu.

Passei uma boa parte da infância sendo serial killer de formigas. Eu tinha aquele laboratório infantil que a gente pretensiosamente fazia testes científicos. Pegava os bichos do mato e passava pela lente, parecia que descobriríamos as verdades nunca reveladas. Ahhh perdi a conta de quantas formigas eu queimei na lupa.

Hoje eu ando olhando para o chão pensando que a formiga de hoje sou eu.
Olho para o céu e me vejo na lupa de aumento de Deus
Nessa vida somos todos iguais – menos os sapos e as lagartixas.

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