Dentre tantas coisas na vida para se fazer ou dizer - eu não me emendo
mesmo...
Sou do tipo que tento,tento,tento, até não mais conseguir dizer nada.
Além de escrever, sou um eterno torcedor do dia seguinte.
Acordo esperançoso que hoje vai.
É hoje que recebo aquela boa notícia.
E quando mesmo terminado o dia, arrastando-me para a cama para mais uma
noite de sono curta, acredito em meu travesseiro se não foi hoje, mas amanhã
vai...
Tenho aquela coisa de não querer deixar nada para trás – desistir fácil.
É uma falha e um lamento. Eu concluo sempre que não disse tudo que tinha
de dizer... Não fiz o bastante. Na maioria das vezes acabo só percebendo que
corri demais, quando percebo que nem mais quero aquilo.
Gasto muito tempo em planos,
escrevo muito só de pensamento. Deixo meus olhos correr o teto do meu quarto,
calculando os passos, as falas, o que vou fazer depois de ganhar na loteria.
Gosto até de rever minhas mancadas. Como eu disse: não me emendo mesmo.
Não sei se com os outros é assim: tenho uma necessidade urgente de
concluir tudo.
Parece que me falta capítulos para escrever ou então atores de menos.
Todas as noites já são sagradas, espero o carro do lixo passar, levanto
abro a janela do meu apartamento e fico observando os caras lá esvaziando o
lixo. Nunca são desanimados, falam muito, brigam uns com os outros e saem
correndo para pegar outras casas, na verdade o único que fica melancólico sou
eu. Penso que eles não querem aquela vida, tanto quanto eu a minha. Daí vou
dormir e acabo por esquecer o meu duelo noturno com os meus pensamentos.
Tenho outro péssimo hábito de dizer aquilo que eu penso; não que eu
tenha algo relevante para dizer, serve-me como terapia. Contudo penso que o
outro não gostou de ouvir.
Tem certa fase na vida da gente que as coisas possuem lupas de aumento.
Você faz e diz ,depois vai lá e verifica no mundo microscópico a quem mais feriu.
Passei uma boa parte da infância sendo serial killer de formigas. Eu
tinha aquele laboratório infantil que a gente pretensiosamente fazia testes científicos.
Pegava os bichos do mato e passava pela lente, parecia que descobriríamos as
verdades nunca reveladas. Ahhh perdi a conta de quantas formigas eu queimei na
lupa.
Hoje eu ando olhando para o chão pensando que a formiga de hoje sou eu.
Olho para o céu e me vejo na lupa de aumento de Deus
Nessa vida somos todos iguais – menos os sapos e as lagartixas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário