terça-feira, 17 de maio de 2016

O que você tem para dizer?




Minha maior prática é a reflexão.
Cansei de ir a certos lugares considerados sacros,  sair de fininho para um lugar mais isolado, onde gente fosse o de menos presente.
Eu gosto nessas horas é de solidão inflexiva – porque quero pensar sobre mim e meus modos.
Quero o silêncio abissal para reflexão macro do universo e das pessoas ao meu redor. Quero poder ponderar. Ouvir pessoas às vezes faz nos um mal tremendo. São muitas opiniões, muitos critérios, dúvidas de mais e soluções sem critério.

Se eu pudesse escolher, eu escolheria ser a brisa que sopra no rosto. Gostaria de transpassar as pessoas, algo como passar no meio e captar os pensamentos. Quando se ouve, ouve-se muito absurdo saindo da boca. Considero que vivemos hoje em meio aos vazios. As palavras parecem rebater em dissincronia com o que elas pensam. “Eu gosto de você – não... não gosta” ;“ Eu tô muito bem – não... não está!”; “ Eu tenho plena certeza disso – mentira é uma pessoa cheia de dúvidas”. E por aí vai... A língua é um troço estranho, tropeça no pensamento e comete enganos. 

Quanto mais eu ouço, menos creio. Quanto mais eu enxergo mais eu fico cego a respeito do que eu sinto com as  pessoas. Outro dia ouvi um conhecido por mais de 40 minutos falando. Terminamos a nossa conversa com a sensação que eu estava sendo forçadamente  convencido por algo que nem a próprio se convencia. Cansei de parar a conversa e indaga-lo se ele se ouvia mesmo. E ele afirmando: - Sim é isso o que eu penso. Isso que eu sou agora. É o que eu quero! Mas, cadê a verdade sair de dentro? Gente virou o quê afinal? Em que nos transformamos? Construímos personagens de nós mesmo - peças de um teatro de conveniência, roteiro sem fim, rascunhos de uma história falsa.

Respondemos por conveniência. Agimos por modismo. Damos declarações falsas. Sorrimos por interesse e agimos certo, mais por contrapartida. Se é este o novo homo sapiens, que venha os ets, levem-me daqui, isso não são pessoas, são caricaturas grotescas de gente incompleta.

Gente dependente de pílulas para dormir, pílulas para acordar e outras tantas para não sentir. Pudera, se tornam vazias, porque nada ali foi preenchido. Nem falo mais que ouço quase sempre sandices do tipo que ouvi ultimamente: “Não sinto nada por ninguém “ Realmente! Nem pelos outros e nem por si mesmo;  boneca de pano, ventrículo de gente.

Há uma imensa carência de vida nas pessoas. Principalmente as presenciais.  Quando falo presencial, eu digo daquela que você participa da vida das outras. Interage – reverbera em troca de informações fundamentais ao crescimento de interpelações entre humanos. 

Trocando em miúdos: Eu participo da sua dor e você compartilha da minha. Eu fico feliz com a sua felicidade e você interage com a minha. Minha amizade não depende de sua amizade.

Tem quem ache a liberdade sexual um ato de interação humana. Eu concordo que é fundamental, mas sexo, corpos nus, suor e orgasmos, não se realizam sozinhos. Dois seres em mundos diferentes, é o que tenho visto. Há quem diga que ali tem um casal transando; eu duvido muito, estão mais para duas almas pobres e solitárias entregando a pouca dignidade que lhe restam, em detrimento da pouca vivacidade.
Se você optou por não sentir nada – nada terá para reclamar. É um subproduto do meio atual de vida. É falso até para seu próprio padrão. Dorme sem sonhos. Vive sem grandes feitos. Não será lembrado pelas sua qualidades. Não escreverá um livro e nem fará poesias, porque sentimentos para criação nunca as teve - se teve tem as jogado fora., Viver é uma dádiva: por isso alguém lá de cima deu o nome de presente. Só se vive o presente e uma vez.

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