Não faz meses, li uma tese de uma pessoa defendendo sua
relação que era pura química sexual. Ela discorreu inúmeros adjetivos para
justificar aquela relação.
No texto todo havia sentimentos mencionados como um “ eu te
amo “ e “ somos apaixonados “ , e por
fim finalizou que seriam “ almas gêmeas “.
Não vou dizer que acabou logo, mas não sobrou nem amizade.
Mas, o que quero jogar para reflexão de todos, sem aqui
exprimir razão de qualquer coisa, é: O que a química sexual me serve?
Não vou negar que sem o tesão no casal, a relação fica
fragilizada mesmo. Eu aqui sou um dos que viveram decantando essa bola. Tesão é
ótimo na relação.
Mas, vamos aprofundar a coisa. Segundo as pessoas que são
adeptas do só continuar se tiver química ( coisa de pele alguns dirão ), esse
sentimento é peça fundamental em suas escolhas.
Mas eu pergunto: Nessa mesma
premissa todo mundo que tem amante, logo deveria casar com ela ou ele, correto?
O que dirá os que têm “ amigos coloridos “ ou os famosos P.A.? Se for essa
questão, parece até simples apontar que a melhor relação é aquela com quem te
dá tesão, concorda?
Porque não acontece isso com tanta frequência? Será que elas
descobrem com o tempo que a química é só isso mesmo uma palavra e pronto?
Respondo: - Porque as pessoas querem mais do que podem. São
insatisfeitas por natureza. E por essa necessidade muitos que chegaram até aqui me lendo , vão pensar sobre isso.
A falta do tesão ou a perda do desejo é desculpa para a traição, aqui e no mundo
todo. Não nego que isso é 9/10 das questões que mais preocupam os terapeutas
sexuais.
Agora vem a pergunta: e se só relacionássemos com as amantes ou com as pessoas cujo o sexo
nos mantém motivados, acabaria a traição? Seria uma relação agora completa?
Seria diferente do que você já tem com seu parceiro ou
parceira?
Seria diferente do
seu namorado(a) que te trata muito bem, é super carinhoso(a), protetor(a), mas
que nesse campo do sexo deixou a desejar segundo seus critérios? Faltou ou falta diálogo? Seria diferente?
Ou o(a) amante é alguém bom de cama e isso já basta?
Acho que é bem por aí a cerne de toda dúvida. Quem grita ao
mundo por química sexual, nunca consegue dizer se existe fora o ótimo sexo, outras
qualidades suficientes para exigir do outro compromisso.
Cansei de ver homens com grande fogo por mulheres
específicas, e depois sendo ele o mesmo que a destratava por acha-la menos digna
em outros campos morais do que as outras em que ele confiou. “ Não é pra casar
é pra comer...”
É o tal lance que corrobora com a temática daqui.
O cara gostosão, mas que é vazio feito o espaço sideral;
O cara gostosão que
não te pergunta nada ou nada quer saber de sua vida.;
Não olha para teus filhos com atenção ou amor;
Cobra-te dedicação, só quer teu corpo;
Exige coisas de você que não exigiria de outras;
Não te entende, não compreendo suas razões diárias, suas
neuras ou dias tristes;
Quer você perto apenas quando estar receptiva, não se importa
com suas escolhas.
Pode até ser um cara decente, mas visivelmente vocês têm
outras versões da vida.
Ok! Você não está nem aí! Você também esta se aproveitando da
fase, gosta do que tem; melhor assim – é uma pessoa sexualmente receptiva.
Um aviso só: Isso também acaba! E voltamos ao começo de
tudo, quando tudo se refere ao eterno modo insatisfeito do ser humano em
reclamar de tudo. A falta de sutileza do indivíduo que acha que relação boa é a
que melhor lhe convém.
Portanto, acha que a química é tudo!
Mas não fecha a razão das outras coisas. Ela não abastece as
suas necessidades emocionais, tanto quanto um sorvete realiza seu prazer por
coisas doces. Você então tenta
acrescentar novas pessoas a sua relação, para se sentir completo, mas se
corrompe em seus valores... ou então fica só e justifica que ter o sexo só como
válvula de escape já basta. Mas daí percebe que o seu lençol não cobre todo seu
corpo. A sua vida ainda esta incompleta.
Seja qualquer argumento meu ou seu, seja qual for a escolha,
já disse que a mim, não cabe questionar nada, é mais um exercício de reflexão. Acredito que muitos casais podem recuperar
seus estímulos um pelo outro. Muitos outros chegaram a este patamar ruim por
terem faltado ao dia nacional do diálogo e da conversa franca, aquela conversa muito adiada em que se coloca todas as
questões na mesa e se joga na cara todas as faltas. E, portanto terem alguma
esperança de se ajustarem.
E tantos outros nem começaram ou pararam no meio do caminho,
porque alguém suscitou a tese que sem “
a coisa da pele “ não rolaria- não rolou- não deu- não daria certo.
E não obstante, tantas
qualidades que os aproximariam e os manteriam juntos foram desperdiçadas porque
alguém grunhiu que química não os uniu.
Será que o sexo é um definidor final para as relações? Será que se esgotaram
todas as formas possíveis de se compreenderem mutuamente?
A verdade real da vida é que o sexo será quente sempre que
haja algum novo ponto na relação. O que é muito bom hoje passa ser normal, e
toda uma nova tentativa com novas pessoas, será sempre uma busca de se achar completo.
A química pode até ser espetacular com uma e relativa com outra, mas tudo são
corpos e corpos passados de mão em mão se transformam em bonecas.
No fim das questões resta apenas uma dúvida: O ser humano
dentro importa?
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