Eu sou um
eterno reclamão! Admito! Não suporto passar em branco - como somos míopes para as coisas mais simples.
Não sei superar a descomunal e quase cegueira humana, em não sabe valorizar os
traços que a vida insiste pintar em nossos cadernos.
Começa lá
de pequeno, quando estamos nos encaminhando para escola, e paramos para comprar
doces da senhora na porta do colégio. Fazemos quase que diariamente por anos e
anos, e nem mesmo sabemos qual seu verdadeiro nome. Dona Maria é a dona que
vende doce aqui e em qualquer lugar...
Crescemos
e continuamos comprando doces bolos e delícias, e ignoramos outras diversas
pessoas, as donas Marias e seus diversos " Joãos " ...
Outro dia
entrando no bairro que eu cresci, em pleno domingo fiquei observando as paredes
das casas, algumas ainda quando eu tinha idade de comer balas e pirulitos zorro.
Continuo
ainda não sabendo o nome de tantos outros que passaram pela minha vida.
Não quero
pedaços meus perdidos a esmo, na memória alheia de quem vendeu mais um pirulito
para mais um seu menino qualquer. Quero olhar para todas as pessoas e saber que
existo lá dentro da sua lembrança.
Quero
reconhecer-me em cada uma. Não só nelas, nos olhos das outras pessoas também. Não
vale a pena se esconder de nada.
Principalmente
não viver de sonhos e pedaços doces de relações. Não existe honra em se viver
pelo meio, metade, culpa, pouco. A gente tem que ser inteiro em si e nos
outros. Deixar um vasto e amplo motivo para voltarem ou partirem felizes com a
gente.
Dona
Maria tem hoje uma filha que virou capitã
Seu João
comprou seu carrinho
Ambos souberam incorporar os milagres que ninguém vê.
Ambos souberam lê os recados dados
E você, já foi atrás de suas lembranças, se interessou por alguém?
Nenhum comentário:
Postar um comentário