sábado, 14 de maio de 2016

Memórias vivas




Eu sou um eterno reclamão! Admito! Não suporto passar em branco -  como somos míopes para as coisas mais simples. Não sei superar a descomunal e quase cegueira humana, em não sabe valorizar os traços que a vida insiste pintar em nossos cadernos.

Começa lá de pequeno, quando estamos nos encaminhando para escola, e paramos para comprar doces da senhora na porta do colégio. Fazemos quase que diariamente por anos e anos, e nem mesmo sabemos qual seu verdadeiro nome. Dona Maria é a dona que vende doce aqui e em qualquer lugar...
Crescemos e continuamos comprando doces bolos e delícias,  e ignoramos outras diversas pessoas, as donas Marias e seus diversos " Joãos " ...
Outro dia entrando no bairro que eu cresci, em pleno domingo fiquei observando as paredes das casas, algumas ainda quando eu tinha idade de comer balas e pirulitos zorro.

Continuo ainda não sabendo o nome de tantos outros que passaram pela minha vida.

Não quero pedaços meus perdidos a esmo, na memória alheia de quem vendeu mais um pirulito para mais um seu menino qualquer. Quero olhar para todas as pessoas e saber que existo lá dentro da sua lembrança.
Quero reconhecer-me em cada uma. Não só nelas, nos olhos das outras pessoas também. Não vale a pena se esconder de nada. 

Principalmente não viver de sonhos e pedaços doces de relações. Não existe honra em se viver pelo meio, metade, culpa, pouco. A gente tem que ser inteiro em si e nos outros. Deixar um vasto e amplo motivo para voltarem ou partirem felizes com a gente.

Dona Maria tem hoje uma filha que virou capitã
Seu João comprou seu carrinho
Ambos souberam incorporar os milagres que ninguém vê.
Ambos souberam lê os recados dados
 
E você, já foi atrás de suas lembranças, se interessou por alguém?


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