terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A morte de George Michael


Memory


Esse cantor que começou no grupo Whan, embalou dois sucessos na vida, "Careless Whisper" e "Freedom 90".
Ele estourou em uma época onde a gente ouvia rádio e corria para gravar em fita cassete BASF.
Comprar LP era uma vez no final do ano ou ganhávamos de presente.
Isso remeteu longe em um tempo que não era melhor que hoje, más era diferente. Tão diferente, que nos reunimos nas casas dos amigos para ouvir e discutir as novas baladas. Tinhamos tardes inteiras para isso. Lembro de emprestar minhas fitas e pegar outras, copilávamos os melhores sucessos. Sou testemunha de corpo presente.
Ouvi tocar Careless Whisper. Ouvia as minas gritarem por ele. Quase alucinadas pelo rebolado e pela barba propositalmente desleixada.
Uma época que não se existia o gênero gay. Para meninada, gay era aquele cara que aparecia vestido de mulher e que se apresentava nos Domingos no Silvio Santos nos calouros. E o George Michael, era - só não podia dizer - coisas de contrato. Como a Globo fazia com sua maioria de galãs. Hoje sabemos, antes não!
Eu mesmo cansei de ficar o fim de noite com a mão no botão sintonizador da rádio, caçando músicas e um dedo engatilhado no botão REC. Se pintasse Careless Whisper, sem a voz do locutor, era só gravar. Gravei com ela outras dezenas de músicas, enquanto o tempo percorria minha idade e transformava o mundo, eu seguia junto também.
Pensava no meu futuro, nas coisas que viriam pela frente. Registrei sonhos. Registrei magoas. Decepções e a tal felicidade também.
Em cada música eu registrava pessoas, como hoje fazemos arquivos e guardamos na memória do celular, dei nome a cada pasta, cujo teor tinham emoções ligadas. Os melhores sucessos dançantes - dei nome de momentos ÚNICOS. Aos que chorei - ETAPAS. E a todos os outros, nos quais passamos pela vida de alguém, assim como passaram pela nossa, eu dei nome de Memórias.
E memórias são tudo que resta...

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