quarta-feira, 6 de março de 2019

O medo é da palavra fracasso não do fim do relacionamento


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Eu já deixei de contar dos últimos cinco anos para cá, às vezes em que vi ou ouvi de bocas e bocas que estavam prestem a se separarem e nada aconteceu.

Pior que isso: Tiveram um filho. Compraram um carro em conjunto, entraram numa agência CVC em fizeram a viagem dos sonhos.

As diferenças eram muitas, mas o resultado é sempre o mesmo: Não se soltam das amarras, apertam mais ainda, não tiraram as alianças, renovaram os laços na última viagem. Não contaram os casos, declararam não querer saber mais.

A porta da oportunidade estava aberta, mas resolveram recolher os problemas para dentro. Possuíam dívidas emocionais, não pagaram, aumentara as parcelas e amortizaram os juros.

A separação era eminente, mas tinha ainda um casamento da sobrinha para ir. O dia poderia ter sido hoje, mas é perto do Natal, não vale a pena perder as festas.

Existe um projeto em curso de infelicidade conjugal duradoura. Pago com promessas de lágrimas e um jogo perigoso de solidão a dois. O pensamento desmente a razão de ficar. Tenho prestado toda atenção aos discursos do que a boca fala caminhando ao contrário do resultado. Seja o que for dos motivos: Do medo puro e simples de ficar só, ao do receio de ouvir dos pais que fracassou ou dos amigos que se distanciariam de você, porque não faz mais parte do final de semana da rodada do vinho...

Seja esta ou em curso de qualquer outra razão, é totalmente inútil brigar contra. Um dia vai acontecer.

O medo impulsiona a gente a cometer os maiores erros nas relações. Não queremos ouvir ninguém falando da gente, muito menos o cônjuge, mas não há o que controlar, pois mal sabemos amaciar nossos impulsos quiçá dos outros, deixem que falem. Muitos ficam por suporem ser menos danoso ficar. Muitos aceitam, porque já entendem o jogo, e pensam: "Pior que perder o amor próprio não pode ficar". Muitos concordam, porque acham que podem amar por dois. Ou talvez porque é tempo demais investido para fugir. Se for uma doença, muitas vezes melhor que o médico diagnostique um remédio para se esquecer. É meio suicida. Pulam para o abismo do eu fico no casamento, porque tem muitas explicações para dar.

Daí começa o auto boicote: Compra uma nova casa, mobilha, estende o cartão de milhas para o próximo ano, assume um novo compromisso de filho, liga para os amigos, marca um grande encontro, aprende a mentir, se afoga em dor, lamenta entre íntimos, assume rotinas cada vez mais longe do casal, até que tudo que resta é uma conversa de script de roteiro de cinema dentro de casa, um estado continuo de ressentimentos e cursos de teatro, cada um que produza seu monólogo de peça, digna da Fernanda Montenegro e Paulo Autran.

Se esconder da vida paga-se um preço.

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