Um amigo solteiro desde sua separação e lá se vai sete anos, confessou-me recentemente: - Não encontro a minha cara metade! Por isso estou sendo tão galinha.
Perguntei-lhe: - Qual seu ideal de mulher amigo? Se já ficou com tantas, por que não encontrou?
- Sei lá, eu até sou capaz de descrevê-la, de desenhá-la, sei do que gosto e não gosto. Sei até que cor de cabelo, tamanho, peso e altura. Se fosse para dizer um retrato falado para a polícia eu já teria pronto.
Mas, então nenhuma passou por suas triagens né?-Não mesmo! Sempre esbarra em alguma coisa.
Eu disse a ele: - Acho que você teme gostar de alguém, portanto faz muita exigência, cada vez mais alta, pensando em alguém para te suprir todos os anseios. Aposto que nem sua ex-esposa era assim, estou correto? – Sim, mais ou menos assim mesmo.
Aposto também que você quando sai com alguém, avalia a companhia da cabeça aos pés, o modo de falar, de pedir as coisas, como faz e fala nas redes sociais, se gosta ou não de filhos, se é ou não amorosa, etc...
Já impaciente, me perguntou: - Ok! Mas o que tem a ver com isso? Todo mundo faz essas coisas.
Faz, mas não devia, o que falta a você é abandonar a procura pelo teu clone de saia. Um travesti talvez te sirva ou irmã gêmea, alma gêmea essas coisas que as pessoas acreditam por acreditar só para não explicar que se tornaram umas chatas.
Você quer casar com você mesmo. Se você pudesse, transava consigo e colocava anel no dedo. – Ele riu!
Amor de verdade é uma pitada de semelhança com recheio de desigualdade meu amigo. Amar alguém é tudo aquilo que não esperamos mais ter e recebemos, ou melhor: é aquilo que nos modifica paulatinamente, refazendo ideais, certezas e absolutas certezas. Se não bagunçar a cabeça o coração não balança. Quando você procura uma cópia sua - vira um paradoxo – pois é justamente você a pessoa que não se suporta mais solteira.
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