segunda-feira, 25 de março de 2019

Às vezes eles fazem o mal querendo o bem

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Era 2002, nesta época eu estava dando apoio em uma casa espírita muita querida que ajudava pessoas e famílias com problemas espirituais. Confesso que não durei muito, porque era um sistema que necessitava de muita dedicação. Mas um caso específico chamou-me muita atenção: Era o caso do menino Felipe, tinha à época nove anos e morava com os avós, a mãe e dois irmãos, sendo ele o mais velho dos três. O dia do atendimento era nas quintas à noite e sua avó entrou pedindo ajuda urgente, porque seu neto estava muito doente. Perguntamos do que se tratava e ela explicou que uma semana antes o neto havia tido uma visão real do avô na casa, sendo que o avô tinha falecido três meses antes disso, portanto o menino tinha ficado muito impressionado. Tanto que adoecera logo depois. Muita febre, muitas alucinações, e passado por muitos médicos que diagnosticaram não haver motivos para tantos quadros clínicos. Nos exames não apontaram infecções por bactéria e nem outras coisas como gripe, sarampo, nada muito substancial que explicasse; a exceção seria um quadro de doença mental, que deveria receber tratamento por um psiquiatra. A avó não tinha dinheiro para isso e nem achava que era o caso, com medo de internarem em um manicômio ela trouxe para nossa casa de ajuda espiritual. Passado as explicações iniciais, o menino recebeu tratamento da casa e foi mandado para sua residência, e toda família receberia instruções para purificação do ambiente, todavia o menino retornou antes do previsto, agora com novas visões, sempre do avô na sala e no quarto - ora muito triste, ora zangado em outras - e o menino em pânico só gritava... Chegou literalmente surtado na casa espírita. Todo mundo ficou em polvorosa porque ele entrou em um estado clínico, foi tratado pela casa, recebeu passes e quando voltou, voltou pior que no começo. Nem vou dizer que os médiuns ficaram abalados, uma vez que isso poderia tornar o caso um problema de polícia, haja vista o grau dos parentes que estavam irritados conosco. Tudo foi feito do mais pontual dos critérios, mas o menino continuava a descrever as mesmas cenas e o avô não “transmitia aos médiuns nenhum recado”, o que dificultava mais ainda a explicação dos fatos. Lá por quase um mês de tratamento, perguntamos aos parentes o que ligava o menino ao avô tão intensamente, que só ele via? – Eles responderam que o avô morrera em decorrência de ataque cardíaco, logo após caçar codorna na mata com o menino. Ao chegar em casa da sua caçada, Roberval tirou a camisa e foi dormir como sempre fez; à tarde ele acordou e gritou de dor, a ambulância chegou, mas já tinha falecido. O menino viu tudo, e ficou muito chocado.
Eu compreendi aquele momento que o avô queria passar algum sinal a ele de “estou vivo”, não se preocupe etc. Mas, se era isso, por que o menino continuava doente? – Por que ele não se afastava do menino, se só fazia mal a ele? – Os espíritos benfeitores não se apercebiam disso não? Ponderei...
Nada mudava o quadro e já estávamos para desistirmos, e orientar que os parentes realmente procurassem ajuda psiquiátrica, porque aquele caso tinha cara de espiritual, parecia com aspecto espiritual, mas dentro da casa espírita nada acontecia para explicar, só poderia ser coisa da cabeça do menino...
Até que eu resolvi perguntar ao menino o que tinha acontecido naquele dia com avô na mata, ele me respondeu: - Voinho estava caçando comigo, de espingarda e deixou-a no pé da arvore para urinar, eu peguei ela sem ele ver e atirei no bicho, mas voinho ouviu e me deu uma tapa na bunda e um carão enorme, me fez prometer nunca mais pegar na arma dele, voltei para casa e ele morreu, acho que foi culpa minha... Sentenciou!
- Tratei de demover essa ideia, disse-lhe que era coisa de garoto mesmo e o medo do avô foi na segurança dos dois, e que isso aconteceria dele morrer porque estava na hora mesmo.
- Mas, e a arma? – Garoto ficou mudo.
- Voltei a perguntar: - E a arma boy?
- Eu escondi na mata para atirar depois...
- PIMBA! Esta aí o problema todo! – Sua avó e sua mãe não perguntaram nada da arma? – Elas não lembraram ainda... (disse o menino, desta vez com cara séria).
- Avisei a casa, os parentes e todos foram buscar a arma na mata, onde o menino disse que estava escondido.
Deste dia em diante, nunca mais eles retornaram. A arma foi vendida e o avô descansou para sempre.
Tudo que acontecia com o menino era para impedir que usasse a arma. Como acontecia isso e por que não havia explicação do plano de cima eu não sei, mas o mal era para fazer o bem... Isso eu aprendi.

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