Definir alguém é como se fossemos fazer um bolo e a receita estivesse pronta em algum site por aí e você fosse baixar para dizer como é...
Para começo de conversa, pessoas não são bolos, nem estão prontas.
Outra coisa que não gosto é que me liguem ao romantismo, pelo que escrevo, falo ou penso, porque tem muitos mais dias que sou o avesso de mim mesmo. Não dou essa versão de mim à toa, de graça, para qualquer um dizer que acha que me define.
Mais uma: Não curto drama. Se não curto, não aceito que me chamem se não estão dentro de mim, não é de fora que vão acertar. Eu gosto da consideração do sorriso, do convite ao sentar-se a mesa, da boa conversa ou da inteligência em respeitar as diferenças.
Mais duas: Não curto que digam uma coisa, pensando em outra. Se estiver com algum resquício, dúvida ou sentimento que não gostou, diga-o – pode ser até ciúme bobo. Não há problema algum em ser humano... A gente é por definição complexo, mas não pode ser complicado.
Mais três: Guardar sentimento só é bom se fosse dinheiro. A gente diz o que sente para quando morrer, levar na alma a certeza e a leveza de ter dito, feito e amado tudo que foi possível ter feito. A expressão não pode, só é definida por quem tem barreiras pessoais intransponíveis, olha ao seu redor, veja se o que é bom, é pago, tem peso, tem cheiro ou tem dono? – O amor não custa nada!
Guardarei tudo quem me lembro: menos o desprezo, a inveja e a cobiça. Gostaria de dizer que é bom ser prático, mas ser prático é definição, por definição eu me libertei no primeiro parágrafo acima.
Eu me ligo às pessoas por telepatia, por coincidências de pensamentos, por encontros inusitados, por atitudes gentis, por aspectos que falam dentro de um silêncio de um cubico verdadeiras orações. Um achado de olhar em meio às multidões, vale muito mais a pena que horas de conversas infrutíferas de internet. Nesta vida você precisa provar que não é imune a emoção. Que sente verdadeiramente, mas não é uma torre de sorvete que se dilui ao sol; tão pouco é um iceberg. Ou você é inteiro ou você é pela metade. Na metade da gente é onde reside a infelicidade.
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