Tem dias onde a chuva parece ser só um empecilho de alagar ruas, impedir carros - longe disso: Lava a alma. A complexidade dos pensamentos às vezes se mistura com os dias claros e quentes de sol, não nos deixando pensar, refletir. A chuva é como freio. Obriga-nos a olhar além do filete que escorre nu pela janela do apartamento ou teima embaçar a visão pelos vidros do carro, como teima uma lágrima de contar verdades...
Certas chuvas molham mais por dentro que por fora. Certas chuvosas convida-nos afogar nossas emoções mais que garrafas de bom uísque. Teve dias que andar na chuva ajudou mais que caldo de galinha, curou dores que remédio algum pode fazer. Lembro-me dos dias em que ficava parado na bica de casa... Tudo que queria pensar era: “ Que o dia termine assim...”
A gente não dimensiona saudades, assim como não dimensiona o fim da chuva. Há dias em que o céu é azul, mas por dentro somos trovoados e sentimentos. Temos a sensação que o som dos pingos caindo sobre as telhas, reverbera mais nas emoções que qualquer outro dia. Homem algum deveria fugir da chuva, existe no toque dela algo de transformador, revelador: conta nossa história , afasta-nos do medo de esconder a tristeza.
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