Terminando mais um dia de trabalho, eu estava bem
reflexivo, como tem sido costume, não sei bem o porquê... Mas vamos lá:
sentou-se uma cliente-amiga e vendo que estávamos sozinhos, talvez por
considerar alguém possível de ajudar, perguntou-me:
“Alexandre,
fico com um carinha faz alguns meses. A gente se pega, vai pra cama e tudo, mas
fingimos que não nos conhecemos depois. A gente se fala pelas redes sociais,
mas tudo muito bem tipo amigo sabe...; Fiquei pensando nisso e queria a sua
opinião como homem. Que a gente só quer isso, eu sei, mas essa coisa de nem
olhar um pro outro, às vezes, me deixa incomodada, sabe?”
Eu vou transcrever aquilo que eu acho uma opinião
isolada minha não estou fazendo nenhum juízo de valor e nem querendo propagar
uma ideia, mas não acho que sexo representa intimidade – não sem antes ter
havido um comprometimento com a ideia de “dois em um”. Tem de ter estabelecido
um sentimento que vai muito além de tirar sua roupa e fazer sacanagem. Pra mim,
sexo pode ser apenas uma vontade, um tesão que bate e você quer saciar.
Entende? Uma necessidade fisiológica para certas pessoas inclusive, mas fica
longe de ser intimidade. Há quem não consiga entender e aceitar essa separação,
mas parece justamente ser a realidade em que vocês estão vivendo agora.
Pra mim,
intimidade se tem com quem você pode contar desabafar e procurar em qualquer
momento – seja ele bom ou ruim. Intimidade é convidar para ir à sua casa,
conhecer seus pais, sair para um cinema, tomar um café, contar aquele troço
cabeludo da sua irmã e, claro, saber de perto como anda a sua Vida. É uma série
de fatores que te fazem colocar aquela pessoa num outro patamar que as demais.
Grandes amigos têm mais intimidade. Muito por isso
relações que começam com amizade são mais propensas ao prolongamento do que as
outras.
Conheci pessoas que levaram meses para ir pra cama
com algumas pessoas, porém não demoraram nem o primeiro encontro para se divertir
com outras, deixando a impressão que algumas são melhores que outras - o que é
errado pensar assim. Porque foi muito mais visceral do que racional. Nem por
isso acho que a intimidade foi vencida.
E visceral é a palavra propriamente dita que mais
resolve essa questão.
Existe alguém errado nessa história? Não. Cada um
leva a sua verdade e enxerga o ato em si da maneira que lhe convém. Havendo
respeito e consenso de ambas as partes, todo mundo sempre sai ganhando. Se
houver algum sentimento bom a mais, melhor ainda. Se for apenas atração, tudo
bem também. Se for só isso, como acontece com você e esse carinha, qual o
problema? Vocês não devem nada para ninguém.
O que me deixa pensativo é que você já se sente
incomoda com a falta de outras coisas. Então isso deixou de ser um acordo de “cama”.
O que mais me aflige nunca foi o sexo sem
intimidade, arranque aqui a cabeça, quem não esteve no seu lugar. O absurdo
maior é ter toda intimidade possível. Todo carinho, proximidade, apoio um do
outro e preferir se guiar apenas pelo tesão. Acreditar que se pode ser feliz
apenas pela química e pelo sexo. Desconsiderar todas as outras boas intenções
que nos garante pelo menos compactualidade. O que é melhor na sua vida, estar
com alguém que te pega pela mão e diz: “venha comigo todos os dias nessa viagem”
ou quem te garanta duas horas de orgasmos e nada mais?
A maturidade ou falta dela pesa muito nessas horas.
Vai de cada um, sentir como anda a casa dentro de si chamada intimidade –
aberta para receber visitas ou deseja um morador no coração?
Nenhum comentário:
Postar um comentário