segunda-feira, 20 de junho de 2016

Escolhas





Hoje vindo logo cedo para o trabalho, na descida do IBAMA eu vi à frente uma senhora de cabelos brancos correndo para atravessar uma pista de três vias, donde os carros descem não menos de 80 km/h Faltou um fio de nada, algo em torno de quatro dedos para ela ser atingida de lado por um dos carros que eu visualizava. Dois deles desviaram em tempo, só o terceiro que passou raspando e buzinando alto, eu apenas me torcia todo no banco para que ela escapasse, e assim aconteceu. Lembro que existe uma passarela para pedestre nesse local, mas não foi sua escolha mais sensata.
Por fim nada aconteceu – mas poderia, e assim é como abro minha postagem.

Escolhas, todos nós temos que tê-las.

Assim como foi dessa senhora que optou pelo mais “fácil” que era passar de um lado para outro de frente à sua casa, tendo uma passarela de segurança mais adiante, mas longe, ela poderia muito bem ter findado sua vida numa manhã de segunda feira nas primeiras horas do dia. 
Eu sou daqueles que penso estranho sobre a morte, apesar de conviver com isso por força de trabalho e religião, eu ainda me pergunto coisas do tipo:
- Quem morreria numa manhã linda de domingo?
- Quem morreria numa noite chuvosa de sexta feira?
Como se fosse possível escolher essas coisas por um simples motivo de querer. Ok! Eu sei que divaguei geral, mas e as outras escolhas?
Somos seres pensantes, diferentemente dos animais irracionais, nós pensamos, cometemos erros e acertos; temos escolhas e decisões para tomar todos os dias. Querendo ou não – lá estão elas batendo em nossa porta pedindo poder de decisão.
Quando paro para pensar na minha vida toda, vejo em cada momento importante pelo menos uma decisão importante que tive que tomar, e que mudou completamente o curso da minha história. E mesmo as que eu fiz paralelamente sem muito alarde ou atenção, mesmo elas parecendo simples questão de decisão, também influenciaram meu futuro. As que não quis tomar por falta de coragem, arremedo de homem que fui em alguns momentos da minha vida, mesmo essas foram tomadas pelo destino, por conta da minha indecisão.
E como não posso fugir, acho que seja assim com todos. No geral, se fugimos de sermos protagonistas da nossa própria vida, existirá quem tomará esse lugar por nós, cobrando-nos um preço alto depois.
Nossas escolhas são tão importantes, que quando assistimos de longe a vida de alguém sendo guiada por essa vontade, conseguimos vislumbrar os dados da roleta vida rolando à nossa frente. Como no caso dessa senhora...  Eu a vi tomando a atitude de atravessar; vi que ela percebeu ser a pior decisão da vida; vi-a decidir correr para se salvar, mesmo sabendo que talvez ela não corresse daquele jeito fazia uns 50 anos; vi cada carro e cada motorista tomar a sua própria decisão em desviar e evitar um acidente maior, ou simplesmente não prestar atenção a tempo e pegá-la de jeito. Imagine ai cada motorista absolvido com seus próprios problemas, com suas próprias decisões, acessando redes sociais, distraídos por frivolidades, cada qual isoladamente é responsável por uma decisão que foi tomada minutos antes, segundos talvez.
Talvez aquele senhor que levou uma trancada lá atrás de outro, e que ficou puto, se achando injustiçado, não percebeu que justamente por ter ficado “ligado” teve o tino certo de desviar, porque não estava acessando o celular naquele momento.
Cada vez que nos afastamos do controle de nossa vida, mais e mais ficamos na corrente de outros que podem nos atingir de maneira definitiva, porque fugimos da vida. Fugimos de sermos os donos do próprio destino. Acreditamos que a vida nos serve, enquanto ela não toma gosto por nada e por ninguém. Não há merecimento ou justiça no ato de viver, só decisões e escolhas, nada mais.




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