Hoje vindo logo cedo para o trabalho, na descida do IBAMA eu
vi à frente uma senhora de cabelos brancos correndo para atravessar uma pista
de três vias, donde os carros descem não menos de 80 km/h Faltou um fio de nada,
algo em torno de quatro dedos para ela ser atingida de lado por um dos carros
que eu visualizava. Dois deles desviaram em tempo, só o terceiro que passou
raspando e buzinando alto, eu apenas me torcia todo no banco para que ela
escapasse, e assim aconteceu. Lembro que existe uma passarela para pedestre
nesse local, mas não foi sua escolha mais sensata.
Por fim nada aconteceu – mas poderia, e assim é como abro
minha postagem.
Escolhas, todos nós temos que tê-las.
Assim como foi dessa senhora que optou pelo mais “fácil” que
era passar de um lado para outro de frente à sua casa, tendo uma passarela de
segurança mais adiante, mas longe, ela poderia muito bem ter findado sua vida
numa manhã de segunda feira nas primeiras horas do dia.
Eu sou daqueles que penso
estranho sobre a morte, apesar de conviver com isso por força de trabalho e
religião, eu ainda me pergunto coisas do tipo:
- Quem morreria numa manhã linda de domingo?
- Quem morreria numa noite chuvosa de sexta feira?
Como se fosse possível escolher essas coisas por um simples
motivo de querer. Ok! Eu sei que divaguei geral, mas e as outras escolhas?
Somos seres pensantes, diferentemente dos animais
irracionais, nós pensamos, cometemos erros e acertos; temos escolhas e decisões
para tomar todos os dias. Querendo ou não – lá estão elas batendo em nossa
porta pedindo poder de decisão.
Quando paro para pensar na minha vida toda, vejo em cada
momento importante pelo menos uma decisão importante que tive que tomar, e que
mudou completamente o curso da minha história. E mesmo as que eu fiz
paralelamente sem muito alarde ou atenção, mesmo elas parecendo simples questão
de decisão, também influenciaram meu futuro. As que não quis tomar por falta de
coragem, arremedo de homem que fui em alguns momentos da minha vida, mesmo
essas foram tomadas pelo destino, por conta da minha indecisão.
E como não posso fugir, acho que seja assim com todos. No
geral, se fugimos de sermos protagonistas da nossa própria vida, existirá quem
tomará esse lugar por nós, cobrando-nos um preço alto depois.
Nossas escolhas são tão importantes, que quando assistimos
de longe a vida de alguém sendo guiada por essa vontade, conseguimos vislumbrar
os dados da roleta vida rolando à nossa frente. Como no caso dessa senhora... Eu a vi tomando a atitude de atravessar; vi
que ela percebeu ser a pior decisão da vida; vi-a decidir correr para se
salvar, mesmo sabendo que talvez ela não corresse daquele jeito fazia uns 50
anos; vi cada carro e cada motorista tomar a sua própria decisão em desviar e
evitar um acidente maior, ou simplesmente não prestar atenção a tempo e pegá-la
de jeito. Imagine ai cada motorista absolvido com seus próprios problemas, com
suas próprias decisões, acessando redes sociais, distraídos por frivolidades,
cada qual isoladamente é responsável por uma decisão que foi tomada minutos
antes, segundos talvez.
Talvez aquele senhor que levou uma trancada lá atrás de
outro, e que ficou puto, se achando injustiçado, não percebeu que justamente
por ter ficado “ligado” teve o tino certo de desviar, porque não estava
acessando o celular naquele momento.
Cada vez que nos afastamos do controle de nossa vida, mais e
mais ficamos na corrente de outros que podem nos atingir de maneira definitiva,
porque fugimos da vida. Fugimos de sermos os donos do próprio destino.
Acreditamos que a vida nos serve, enquanto ela não toma gosto por nada e por
ninguém. Não há merecimento ou justiça no ato de viver, só decisões e escolhas,
nada mais.
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