Nestes dias por conta de uma gripe que não se cura, e apesar
de ter tomado essa tal vacina contra gripe que não me impediu de tê-la, tenho
ficado dias ora bem e ora doente. Esse mês de Junho tenho ficado alérgico,
irritantemente alérgico por sinal. E no
período todo do São João foi bem assim mesmo, altos e baixos. E consequentemente às noites ficam chatas
para mim, quando ela ataca. E numa dessas que fui comemorar com os amigos,
minha filha Sophie de dez meses de idade, resolveu ficar acordada pela noite
quase toda.
O papo na festa desenrolava solto e animado, as crianças
brincando e ela pilhada com tudo ao redor e com sono ao mesmo tempo, o que
culmina em um típico “abusinho básico” de todo bebê.
Eu sou do tipo cara que gosta de proteger as minhas crias.
Ver chorando não é comigo mesmo, fico apreensivo e pego logo no colo e tento
acalentar. Foi assim com a minha mais velha lá atrás (19 anos) e tem sido com
Sophie também, até pensei que mudaria com tempo essa visão, mas não mudei,
continuo o super chato protetor. E a
noite entrando para madrugada dentro e tome o povo pegando Sophie e tentando
botar pra dormir, até eu mesmo por diversas vezes, até que resolvi me separar
do grupo e ir para um quarto e tentar coloca-la no mais silencioso lugar
possível para dormir, afastando-a da agitação. Logo que entrei resolvi fechar o
quarto e deixar só numa luz de fresta de porta, mas nem mesmo assim evitou que
ela cochilasse e acordasse para ver a porta, até que fechei completamente,
trancando a porta por dentro, o que resultou em um choro alto e profundo, quase
desesperador de Sophie. Daqueles que nada calava. Percebi logo que ela tinha
conhecimento do ambiente e que a simples menção de ficar isolada deixava
assustada, lógico que mantive a posição firme de fazê-la dormir, mas com muito
carinho e dando consolo, até que ela adormeceu profundamente nos meus braços, daí
percebe-se que a gente tem uma responsabilidade gigante com esses anjinhos da
vida. Fiquei muito chateado comigo mesmo, e prometi a ela que jamais faria algo
contra a vontade dela que não fosse estritamente para seu bem. Com o tempo
avançando, nosso coração fica velho e mole para certas coisas, e quebra-se com
o passar da vida e com os remendos que as dores nos causa, as cicatrizes
aparecem todas bem vivas, mas nem por isso nos impede de partilhar culpa e
medo, remorso e amor. É a sina de quem tenta conciliar a vida com a obra grande
de se viver sem se machucar. É a força que buscamos, quando estamos querendo apenas
sobreviver. Eu não sou o mesmo de outrora. Nem bom e nem mal, talvez diferente.
Nem sei o que isso significa de fato. Eu sei que fico feliz e entristeço muito
mais hoje com as pessoas do que antes. E isso me mostra uma linha a seguir. A
vida é assim ferimos pessoas que amamos, pensando que só fazemos o bem.. Eu a fiz chorar achando que eu estava certo, e o certo virou errado para mim...
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