terça-feira, 21 de junho de 2016

A busca




Todo mundo nessa vida busca algo; isto é o que mais certo existe na vida. Seja um bem material ou uma promoção.
Além da busca propriamente dita por coisas que nos agrade e recompense, queremos mais do que tudo ser aceito. Buscamos através do olhar dos outros a aprovação de nossos feitos, e nisso caminha toda a humanidade. Não importa em que lugar, língua, sociedade se viva, alguém em algum canto desse planeta anseia por aceitação. A gente existe para isso. Para ver na contrapartida do outro respostas que possam dar um sentido para cada palavra, ação dita e ou não dita.
Começa na barriga da mãe, com o feto querendo ser amado; continua nos primeiros passos e com isso surgem os primeiros escambos sentimentais, o bebê troca seu sorriso pelo carinho e atenção dos pais e vice versa, depois vem todo um processo intermitente de tentativas e erros de sermos aceitos. A morte é só mais uma etapa. Não por isso muitos pedem perdão nos últimos momentos da vida; suplica-se perdão querendo na verdade atenção sincera aos nossos medos futuros.
A busca nos degrada, é um fato e um fardo. Perdemos grande parte da vida, tentando agradar para ser inserido em alguma coisa maior que a gente. Seja na igreja, agradando ao clero e esquecendo às vezes de Deus.
Ninguém vai e diz ao representante maior de sua religião:
- Não quero nada não! Deixa-me aqui só rezando e agradecendo.
-Também não quero participar dos cultos ou missas, nem ir às reuniões.
Isso não acontece! A pessoa vai porque lá tem uma turba de seus “iguais” e você precisa que eles os veja e deem o apoio necessário para ser visto também como um a mais dentre eles.
Praticamos isso em toda a infância. Quando suplicamos que os grupos formados de meninos e meninas nos insiram nas patotas e brincadeiras. No colégio quando chegamos e curtimos com os colegas as novidades do dia.
Quem não fica demasiadamente triste quando chega ao trabalho e não recebe um bom dia ou sinal de bom agrado com a sua presença? Buscamos aceitação em todas as partes e segmentos da vida. No amor talvez seja até demasiadamente pior: Na maioria esmagadora dos relacionamentos, começamos logo suplicando amor; algo quase que sintomático. Me aceite primeiro que eu me doo; compreenda-me, entenda meus medos, aceite minhas fraquezas, etc. tudo gira em torno de aceitação e busca. Uma jornada quase sem fim do ser humano tentando estar contido no mundo. Eu digo uma coisa, quando não acontece é terrível. A gente não se acostuma com indiferença ou reprovação.  A dor de não ser aceito é uma das que mais devassa a alma humana. Poucos são os que conseguem passar por essas etapas incólumes; quando conseguimos é libertador – nos coloca num nível acima da dor comum .  Não adianta só dizer que não liga isso não resolve da boca pra fora.  Na minha vida vejo muito obtuso arrotando não precisar de nada e nem ninguém, o que só pela declaração se torna irreal – quase uma fanfarrice desmedida, visto que quem não precisa de nada, não fala por falar, torna isso real e palpável com ações.
Saber entender o quão é importante buscar por aceitação, não tendo que se sujeitar a qualquer tipo de aceitação é a diferença crucial para não estar preso ao um elo intermitente de sobras e carência afetiva. Ter em mente que você um ser “vivo” que também faz falta. Também tem o “poder” de escolha; faz todo um sentido no final da trajetória de vida.
Quando apenas nos baseamos em buscar aceitação, o que nem sempre percebemos, mas se formos olhar bem profundamente para dentro da nossa carência, vamos enxergar que isso foi quase corriqueiro a vida toda, notaremos que houve uma grande doação de “nosso todo” por quase nada das pessoas. E isso é ruim e destrutivo. Porque cai em um poço profundo que vai da busca do “EU” (quem sou ou o que sou) donde grande parcela da humanidade fica aprisionada da dúvida eterna de se encontrar. Talvez por isso Paulo Coelho tenha tirado a grande sacada quando fez O Alquimista, soube como poucos falar dessa buscar pelo “EU” e pelo superior “DEUS” coisas que são indivisíveis e invisíveis, nada concretas, alheias à nossa vontade e famintas de fé. Uma fé na capacidade de tornar a sua vida minimamente decente e fé em não duvidar, mas crer sem questionamentos em algo maior – muito maior que é DEUS.
Então... apercebe-se que a cada nova foto, a cada nova escrita esparramada de sinais de raiva, ressentimentos, a cada vez que pessoas estão se expondo e colocando pra fora toda sua angustia e decepção, na verdade está lá querendo dizer que buscou e não foi aceito – tentou, mas não foi ouvida. E enquanto for assim, assim fica descrito: Nós somos enquanto massa uma tentativa de liberdade... arremedo de procura de solução...uma canção de amor platônica, cantada nas areias do tempo.




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