Ontem por volta do fim da noite, uma pessoa veio a mim e
disse que seu maior sonho na vida era ser algo grande. Que não tivesse que
mostrar submissão ao “seu ninguém”.
- Bom eu não conheço seu ninguém, mas tenho certeza que deve
ser um sujeito chato, para tirar a paz dessa pessoa.
Penso sempre como somos complexos. O que é bom para uns, não
necessariamente é para outros. Talvez explique o motivo porque eu me recordo lá
na minha infância que um menino ajudou a roubar uma galinha do vizinho para o
almoço da sua família, e ele se sentiu
tão feliz comendo carne, algo tão diferente do dia a dia dela. Aquele ato falho
de uma família parecia fazer algum
sentido mediante a fome. Pelo tanto que o conheço, sei que isso ficou
incrustado na sua alma, e faz diferença sim na concepção final do seu caráter como
pessoa.
Tem muita gente fugindo do seu passado. Deseja ardentemente esquecer-se
de tudo e virar uma pessoa diferente, o que passa necessariamente por ser
grande – nem tanto melhor – mas poderoso o suficiente para não passar por
aquilo tudo de novo. Todavia enquanto não enfrentarmos nossos medos,
continuaremos a correr atrás do próprio rabo.
Eu li em algum lugar que para ter foco, é necessário desprender
intenção não no velho “eu” e sim no projeto de construir um novo “ você” todo dia. Isso, porém requer tempo e
reconhecimento das fraquezas; muito mais do que isso, só vi em poucas pessoas
essa mudança do nada, sem que antes tenha caído o mundo na cabeça.
Geralmente sentamos no meio fio da vida e visualizamos ela
passar, mudos e silenciosos, assistindo a tudo sem querer participar.
Também li em outro lugar que para ter a beleza da vida e do
amor, há de se considerar os espinhos como um presente e uma oportunidade de se
reconhecer limitado no seu poder de resolver tudo sozinho. Afinal a rosa não
vive sem os seus espinhos; assim como na vida; temos que ter tato com os percalços
(espinhos) e carinho com os sentimentos (flor).
O que eu vejo? Vejo as pessoas negando todos os dias viver.
E viver é sim abraçar também os espinhos. Observo as pessoas fugindo do olho no
olho. Poucos são os que te desafiam a encarar revelar-se profundamente, observo
uma multidão que escorre feito água para debaixo das pedras; considero os
sorrisos frágeis, cheios de um pedido de aflição para se redescobrir como
pessoa.
Enfim...
Para SER GRANDE é necessário diminuir-se também.
SER GRAAAANDE É... Aprender a ser cuidadoso... Saber ser elegante... Saber brincar sem magoar os outros... Saber
aceitar as diferenças... Saber usar a sua grandeza em benefício de todos... Saber
baixar-se para ver o melhor ângulo... ... Não usar o tamanho para envergonhar
os outros... Saber que o equilíbrio é importante... Saber amar o que é ainda
maior... Saber divertir-se com amigos de todos os tamanhos... Não se importar
de ficar na sombra para que todos possam aparecer...
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