segunda-feira, 18 de abril de 2016

Trocando de pessoas





Hoje, tentamos preencher o vazio e solidão cada vez mais presentes com a aquisição de coisas e nessa angústia demasiada até as pessoas estão virando coisas umas para outras. Como assim? Ora, basta voltar o olhar para os relacionamentos atuais onde o ficar sem compromisso e, que, na maioria das vezes levam a lugar algum, está se tornando rotineiro, corriqueiro. Nesse contexto o indivíduo passa, muitas vezes, a ser tratado como “coisa” e usado como tal.

Há um livro com o título Amor Líquido de Zygmunt Bauman que trata justamente da fragilidade atual dos laços humanos e das consequências disso. O autor diz que vivemos tempos líquidos, nada é para durar.

Tudo muda rápido demais hoje no tecnológico e estamos, nem sabemos exatamente porque, trazendo essa rapidez para os relacionamentos, o que só nos remete a mais solidão e insegurança. Paralelamente, somos bombardeados por publicidades que nos induzem a adquirir cada vez mais e que se não temos o último modelo de tudo não podemos nos sentir bem, não somo bonitos, não somos bem-sucedidos, não somos seguros, enfim só somos “algo” quando nos deixamos levar por apelos ilusórios nos enchendo, compulsivamente, de coisas sem necessidade real.

E, da mesma forma que substituímos rapidamente o celular pelo modelo mais atual estamos substituindo nossos parceiros “ficantes”, afinal nunca estamos satisfeitos e com tantas pessoas sós a nossa volta quem sabe podemos encontrar alguém melhor logo ali na frente. A pergunta é, melhor para que e porque se ao menos não nos damos chance de conhecer o outro.

Daí que uma relação acaba virando objeto e como tal, você o ignora e passa por ele ou ela, como se nunca tivesse conhecido. Lamentável, mas é o que acontece cada dia com maior frequência. 

Tentamos tapar o buraco em nosso peito da forma mais absurda possível, que é através da aquisição incessante do material e, volto a dizer, de pessoas. A  cada bem adquirido temos a ilusão do sucesso momentâneo que, como uma droga, quando o efeito passa precisamos de mais e cada vez mais num círculo vicioso e que só nos leva para o fundo do poço.
Outro dia uma conhecida já entrava pelo seu quarto “namorido” e a exposição e o exagero entusiástico  em dizer :  “ esse sim “ acabou sendo “ esse não “ de novo! 

Nada contra, até acho que é uma pessoa pra frente, porque acredita em continuar tentando, todavia é a forma de escolha que à prejudica, mas vá dizer isso  a ela.... Escolhe pelo materialismo. É bem sucedido? Opá tô dentro!

Pelo menos ela não consegue negar que suas escolhas são baseadas na falsa sensação de segurança que é se envolver com quem promete pagar todas as suas contas. Menos mal que ela não é hipócrita, só é iludida.

A garantia que viver assim não vai sofrer, e que pode passar para a próxima relação fácil, é um tipo de pensamento pequeno, e no futuro se tonará uma arma contra você. O que demonstra pouco conhecimento de efemeridade. Não tem inteligência, beleza, sabedoria que dure ou engane por muito tempo, sem que para isso seja detectado a frieza de sua condução moral.

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