segunda-feira, 11 de abril de 2016

Escolha sentir



Numa conversa recente com um amigo doutor, ele me disse algo que fiquei estarrecido:
- Cara tô sozinho demais faz tempo
- Deixa de onda véi, tu andas é pegando um monte, eu disse.
- Pegando as mesmas de sempre, tão acostumado ao sabor de sair para os mesmos lugares, mesmas pessoas, mesmos drinks, que quando chego, já sei o papo que vai rolar, a bêbada que vai ficar no meu ombro e aonde vou dormir – motel.
- Saio mais vazio do que comecei a noite.

Gostaria de não ter escolhido esse caminho para mim. Hoje eu não consigo sair dessa vida cíclica sem amor.
Fiquei refletindo o que ele disse. O cara tem presença, dinheiro e profissão. Mas teve uma dose tremenda de coragem de se mostrar na sua fraqueza.

E pensando bem, é o que é a vida e nossas escolhas. Acabamos por ficarmos no interminável carrossel de escolhas erradas, atitudes impróprias, condutas vazias.
Acontece muito também com pessoas que ficam revirando lixos emocionais. As mesmas pessoas com que ele se encontra nas noites, são as que recebem essa sobra e cíclicam com ele o vício rotativo das bebidas, papos e lugares. 

Se você começou nessa onda de viver de sobras e deixar sobras de si para os outros, o caminho é perigoso e quase sem volta.  Não existe meio copo ou meia vida. A gente vive por inteiro e pode até perder pessoas, mas o que vai fica no passado, tem de ficar para trás. Arrastar correntes de traços de sentimentos, pedaços de vida conosco, nos torna ratos de lixeira emocionais.

Vai piorando na medida em que tentamos encontrar em uma só pessoa qualidades apuradas ao longo do tempo com nossas diversas relações. 

Tornamo-nos Doutor Frankenstein, fatiando pessoas e tentando construir uma só para gente.
Fulano não tem a pegada de ciclano
A moça não tem o molejo da outra
Beija mal
Falta excitação
Não é divertido

São inúmeras as qualidades faltantes, se quisermos mesmo reclamar, tem pessoas demais, gente de menos, escolhas exigentes e muito pouco merecimento.

O que eu sei da vida que fui aprendendo é que a presença de uma pessoa que faz valer à pena é aquela em que a sua chegada desperta sorriso. Te acalma. Te dá segurança. Leveza na alma. Você gosta de conversar, são longos os papos e inúmeras as congruências

Alma gêmeas só se for no outro mundo. Neste o que funciona é o equilíbrio. O encaixe é no preenchimento. Falta-me isso – ele me preenche e vice versa. 
É quando um é tempestade e o outro a calmaria. 
Furacão não sobrevive.
É o compulsivo de um lado, aprendendo com o pragmático.
São pessoas distintas que sabem se espelhar umas nas outras em suas faltas.
Você chega e a outra perde a graça, fica manhosa, abaixa o tom, sorrir solto.
Você sai e fica faltando um pedaço – sente saudades de mais assunto.
Isso de encontrar a cara metade é para época de carnaval. 

Ficamos vagando em textos, rostos, perfis, tentando dizer a nós mesmos quem me serve e quem não é legal. No entanto nunca realizamos a pergunta pessoal: O que eu tenho para oferecer? Esqueça o narcisismo, esqueça o exagero de dizer que é chata demais, abusado demais, nem tanto ao céu, nem a terra, será mesmo que você sabe escolher? Precisa escolher?
Será que o que você procura não começa primeiro na necessidade de destruir comparações e relações frustradas, para hoje conter um copo realmente pronto pra ser cheio?
Não tome caminho sem volta. O que esta bom hoje, muda de repente. O que é ruim - piora muito antes de melhorar, mas o que fica de verdade é nossa essência boa.  Recomeçar é só um passo nada mais. Surpreenda alguém na sua vida, fazendo algo fora de si, a sensação é ótima.]


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