Não
podemos fugir de nossa história. Daquilo que é colocado à nossa frente e
precisamos atravessar. Nem sempre o caminho é limpo, livre de vendavais e
espinhos. Nenhuma travessia está livre disso. Tentar apaziguar as intempéries
da jornada agindo como se não houvesse tropeços é o mesmo que tapar os ouvidos
e acreditar que os barulhos deixaram de existir. A existência grita, a
existência cobra, a existência chama. É preciso ouvir o compasso das emoções
sem receio do que há lá no fundo. É preciso suportar os vazios e respeitar a
dor, tendo sensibilidade para despir-se das proteções costumeiras e mergulhar
nu no silêncio carregado de mistério que há dentro de nós.
Gostamos
de simplificar demais, acabamos afastando as pessoas.
O corpo
fala e a vida cobra. Se não nos permitimos um pouco de reflexão, respirando
devagar e dando a mão aos pedidos da alma, adoecemos. É preciso não
ter medo de se aprofundar. Ousar desconstruir-se para então se resgatar.
Entender
que somos feitos de muitos recomeços, e que não é possível imaginar a vida sem
as emoções, perdas, sentimentos e pedidos de reconsiderações.
E mesmo
sabendo que os nós se atam e desatam a todo instante, é possível continuar
tecendo essa manta incrível que é a vida. Encarando os desafios como empurrões
para um desfecho melhor dos nossos dias, e acreditando firmemente que
desmanchar alguns pontos ou recuar algumas casas não significa fracasso, e sim
novas chances de reencontrar a si mesmo, mais crescido, mais completo e
provavelmente mais feliz.
Quem dera
todos tivessem a coragem de esvaziar de si mesmos e se jogarem na dúvida.
Detesto imaginar a vida com certeza demais e humildes de menos.
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