sexta-feira, 29 de abril de 2016

Eu que sou eu, agora sou ela ...



 











Eu que sou eu, agora sou ela...

Sou de um tempo onde tudo era medida de tempo
Tempo de amar
Tempo de dizer-te amo
Tempo de descrever as linhas que tange o mundo
Tempo de viver juntos
Ela é do tempo do agora
Tempo presente
Tempo de ouvir pouco
Ela não tem tempo de sentir nada
Ela não precisa de expressões
Frases com eufemismos
Eu preciso dela
Ela não precisa de mim
Eu vivo sem ela
Ela vive com pouco
Somos dois – ou nenhum - interagindo e coagindo.
Vicissitudes de uma necessidade de vida
Eu digo sim - ela não!
Eu acordo pensando na poesia declamada, não escrita, não redigida para ela.
Ela diz que não é hora para se falar de amor
Eu desisto dela todos os dias
Ela desiste de mim a cada hora
Eu já partir tantas vezes que nem sei onde estou
Ela já me ligou tantas que vezes que nem lembra o que diz
Eu quero o beijo debaixo da chuva
Ela quer o conforto
Eu quero cobrir distâncias
Ela cobrir os pés
Eu queria entrar em sua vida
Ela nem portas têm
Eu penso que sou poeta
Mas ela descreve-me tão bem
Ela conta sobre dias calmos em noite quentes
Discorre sobre a paz de um mundo em mares calmos
Sorri em fotos, com o coração triste.
Eu capto bem esses momentos
Sou um consumista de suas palavras não ditas
Telespectador de suas mágoas não contadas
Um entusiasta de suas risadas
Eu capto bem
Me pego lendo suas comunicações textuais: ela conta o que não quer dizer -  escrevendo melhor do que eu.
Não é amor! Isso nos é proibido
Não é paixão! Isso nos é proibido
Ela já declarou com todas as letras:  "assim me apaixono...”.
Eu sei bem guardei e contei  cada letra:
(15 ao todo)
“Liga pra mim quando chegar em casa”
(28)
“Preciso que fique”
(14)
Mas, tem um detalhe: nada disso importa quando ela lembra que seu mundo é leve, livre e existe a tal zona de conforto.
Não é amizade, porque se fosse – eu não me importaria com a cor de suas unhas – o cheiro de sua pele – a raiva casual, sem pretensão alguma ou motivo aparente.
Eu nem sei o quê é?
Eu queria proteger o que tenho, mas não tenho mãos e pés suficientes para impor nada.
Ela não me quer presente, o tempo todo – todo tempo do mundo.
Eu não a quero para embrulho de  presente
Eu sou do tipo de homem que olha para frente, e cruzo de vez em quando com o passado. Não para pedir desculpas – más para saber não repetir erros.
Eu não sei nosso futuro, talvez terminando de escrever este texto aqui no presente é o que menos tenha agora.
Nossa vida a dois começa e termina a cada frase mal colocada
A cada vez desinteressada que olha uma mensagem minha
A cada dia que te digo amo, pronto já terminou. A nossa relação não existe – se não em nossas cabeças, em momentos fortuitos, dias específicos humor da hora.
Logicamente eu adoro o lado fraco dela. Ohhh bebê não pude
Ela odeia o jeito fraco dela; se ilude.
Minhas falhas são todas expostas.
As franquezas também – ela me detesta nessa hora.
Sou tão franco quanto à idade me permite dizer: o que sinto é meu só meu, você não tem controle sobre isso. Nem pro bem e nem pro mal. A minha trajetória é armada. Eu nasci dono de mim. Eu não preciso de suas expressões de amor
Mas, não acredito quando você as diz que não tem.
Eu não preciso ouvir seus sentimentos – mas uma ou outra palavra me faz bem
Eu já pensei muito e tão somente sobre mim
Não achei nunca que um dia fosse pensar de outra forma, como eu penso sobre alguém.
Eu não quero nada de você
Tanto o quanto você não precisa nada de mim
Isso é minha falácia diária
Uma dicotomia perdida
Uma falta de caráter temporária em omitir coisas e fatos. Mesmo quando estão tão na cara
Eu concluo que deve ser alguma lição ou ligação.
Isso será um texto não escrito, até que um dia cada palavra seja desmentida

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