quarta-feira, 9 de outubro de 2019

A supervalorização do “EU TE AMO”.

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Um dia eu li em um livro, que uma mulher passou a vida toda esperando que o marido dissesse que a amava, foram 35 anos e três filhos no casamento, até que ele faleceu sem dizer a frase. Desgostosa, ela queixou-se para sua melhor amiga no terraço de sua linda casa de praia . Dizia-se que achava que não tinha sido devidamente feliz sem a declaração do ex-marido.

Sua amiga perguntou: - Mas, Martha o que fazia John neste tempo todo? – Ah, ficava aqui comigo sentado, lendo um livro ou fazendo algum chá que ele gostava, no final da tarde em suas folgas a gente ia pescar juntos... Ao mesmo tempo em que ela terminava a sua frase, um esboço de sorriso se formava no rosto da amiga, quase como que dizendo: “ Não era isso o mais importante?”. E, era sim! De repente surgiu na sua mente todos os anos em que ele fazia questão de estar seu lado; Desde seus terríveis chás, caminhadas e pescarias, até os dias em que ele simplesmente a ouvia se queixar da casa, trabalho e da família.
Eu me pergunto como todo mundo se pergunta também: - Será que não somos cegos aos acontecimentos da vida, justamente pela simplicidade dela? Será que não vislumbramos voar de asa delta, pular de paraquedas- escalar o Everest ou mesmo mergulhar no mar mais profundo porque esta é a vida de alguém? Nem todo mundo nasceu para isso – mas pode ser até mais feliz. Um ‘EU TE AMO” é fácil de dizer, chega a ser banal, se você tiver que estancar uma crise de relacionamento. Há quem precise ouvir tanto que sem a resposta morre dentro da relação. Dizer que ama tem virado receita de bolo, colocamos em despedidas, frases soltas para não termos que suportar cobranças. Virou antecipação de reclamação. Diga logo e se livre da mágoa e da birra. Por vezes quando alguém fica ao nosso lado ou gosta de ficar e fazer coisas com você, deveria ser até mais importante. A maioria hoje não quer a sinceridade na simplicidade de se compartilhar histórias, prefere a ilusão poética de um início de frase: “Ei eu te amo, mas vou ali sair com meu pessoal volto amanhã viu”! Ser a companhia prazerosa de alguém deveria ser toda declaração necessária. Amigos que se amam já sabem disso há séculos... Porque no amor ou na relação não deveria ser igual? Porque nos habituamos a valorizar simbologias... O casamento é uma simbologia, muito embora dois seres estejam em pé de guerra ou totalmente indiferentes um ao outro, o que importa é como vende para os outros o resultado da sua experiência pessoal. Gostarem de conversar, de trocar frases, livros, filmes, isso fica para depois. Realmente, o ser humano desconhece a verdadeira face do amor.

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