Não é a toa que o escritor Nelson Rodrigues foi eleito o melhor escritor da vida cotidiana brasileira. Ele sabia como poucos as nuanças de uma relação.
Tem casal que vai mal há muito tempo, mas do nada revigora o relacionamento. Foram para igreja? Macumba? – É bem menos religioso a historia. Eu acho, é minha opinião, cada um sabe o que faz da sua vida, mas viver junto é um jogo de gato e rato.
O cara faz tempo que não quer nada com a esposa. Sem tesão, ele vive a vida dele. Sem o desejo dele, ela se sente humilhada. A combinação perfeita para uma bomba. Quando chega nesta situação, o homem torce apenas como maquinista em um trem desgovernado. Que vai bater... Isso vai...
Um dia ela decide que fará algo, e acaba fazendo... (Trai).
Sente-se culpada? Talvez.
Conta ao marido? Não! Mas faz questão de demonstrar alegria esfuziante. Demonstrações de satisfação plena.
O Cara acorda um dia e descobre que aquela birra toda acabou em casa.
Ela me traiu? – Descobre que sim... Toma atitude? – Não!
Ele toma a atitude que menos as pessoas acham que ocorre, mas é daí que Nelson Rodrigues entende perfeitamente o ser humano brasileiro. Ele começa a sentir tesão novamente pela esposa, e tenta uma noite de amor e sexo selvagem com ela. Sentindo-se culpada, ela conta o segredo, ele fica com raiva (finge), sai de casa, chora, fica bêbado, mas tudo que ele quer na vida é ouvi-la pedir perdão para voltar para casa. Tudo que ela queria era saber que ele perdoou e que vai mudar de atitude para com ela.
Está a razão de Nelson Rodrigues em descrever o ser humano tão perfeitamente. A conjuntura perfeita: Arroz com feijão. Queijo com goiabada. A vontade de comer com a fome.
Isso é tão comum...FIM!
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