Há um bom tempo atrás, o dia era como hoje (terça-feira), minha vida estava bagunçada, mas era a que eu tinha para viver, e sem explicação alguma, ela apareceu para falar comigo, conversamos por uma hora, entre um atendimento e outro, o papo rendia, ninguém queria arredar o pé dali, nem mesmo as interrupções nos faziam esquecer qualquer assunto.
Por sinal, assunto bom combina com gente boa, igual café com
bolacha à tarde; é das combinações, a que melhor realça o sabor de uma amizade.
Eu iniciava, ela terminava, acabei por criar coragem e perguntei se queria sair
mais tarde, a ideia me pareceu depois meio apressada, o que ela pensaria de mim?
– Ela pensou nada, aceitou com um sorriso. Eu entendi naquele instante que
quando se pensa primeiro no outro, a vida sorri de volta... Querer ser feliz
colando um sorriso no outro, é a melhor das iniciativas.
A gente saiu, peguei em sua mão, olhei nos olhos para
decifrar a primeira pergunta. Não tinha pergunta, só apreço, carinho e admiração.
O mundo não para, todo mundo já sabe! O que para somos nós...
Aí de quem não sabe parar para viver esta hora. Vivemos para ter momentos de
felicidade como esse, se for só para pagar boletos, melhor nem viver.
As pessoas são curiosas, então e o depois? O depois é
contado nas lembranças. Não é nem mesmo preciso que tenha virado filme. Se tudo
você tiver que fazer na vida, necessite de um “por que” ou “finalidade”, é
melhor esquecer, nem ter coragem de fazer. Responder o chamado da vida requer
cumplicidade com o desafio de ser único e não indiferente para com que se
sente. Ouvir é mais que sons entrando pelos tímpanos, é também fechar os olhos
e não temer ouvir o coração. O mundo pode ser às vezes só silêncio...
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