sexta-feira, 27 de setembro de 2019

As fotos que revelei...

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Logo cedo, uma avó e sua neta entraram na minha loja para revelar algumas fotos. Obtusa, a avó foi avisando: - Não tenho muito dinheiro, faça um preço bom para minha neta! Franzi a testa como de costume, quando algo me contraria, principalmente pela falta de gentileza pela manhã. Respondia-a: - Minha senhora o preço é o mesmo de sempre, sorri forçosamente querendo a pressionar aceitar ou ir embora!
A neta, não tinha mais do que 15 anos. Pequena, magra, de rostinho angelical, ela sorriu de lábios escancarados que dava para ver a perfeição da dentição de leite de sua boca. Era um sorriso e ao mesmo tempo uma súplica, de quem tem realmente contado o dinheiro para tal serviço. A cada cinco palavras proferidas, um pedido de desculpas, “desculpa por isso, desculpa por aquilo...”; talvez querendo demonstrar que a rudez de sua avó não constatava com sua personalidade. Confesso que fui me encolhendo na cadeira, assolado de tantos açoites de gentileza... Era uma menina frágil, torcendo que eu a entendesse, talvez captasse os seus pensamentos... Até que consenti e aceitei o serviço ao preço de suas condições. Ela me deu um pen drive, que instantaneamente mostrou no meu pc a presença de vírus, eu disse em tom sério: - Moça tem vírus! – Aí, desculpa moço, de novo!
Após as necessárias limpezas, avistei 15 fotos da moça, enamorada com outra moça, ambas pareciam ter o mesmo tamanho, idade e aparência. Mas, eram fotos de um casal se beijando, curtindo o sol, caminhando juntas. Inadvertidamente meu preconceito surgiu internamente... Julgo que não tenho que confessar meus pecados a ninguém! São todos expostos ao mundo, como quem não sabe mais esconder de si mesmo. Torci o nariz, sei que fiz isso, me conheço... E sei que ela percebeu... A esta altura a avó já estava colada comigo, vendo as fotos também, mas ela sabia de antemão o que continha, não era segredo da neta, era medo que eu viesse não compreender aquilo que uma senhora de 80 anos já tinha compreendido primeiro que todos. Agora tinha entendido o tom da agressividade da senhora... Era por amor que ela defendia a netinha das pessoas que não compreendia as outras formas do amor. A moça já estava me olhando aflita que eu não dissesse nada, melhor: não externasse nenhum pensamento diante da avó. O que não fiz - justo porque a neta era tão, mas tão educada, tão gentil, suspirava educação e exalava gentilezas. Fiquei pensando, como alguém desta idade, nesta nova geração, parece ter uma educação tão perfeita? Ela não errava as palavras, assim como não deixava de pesar cada pensamento proferido. Eu fiz o serviço, incomodado com minha incapacidade de aceitar que deveria não julgar ninguém antes de conhecer a alma profundamente. Sim, todo dia aprendemos que pessoas são o que são pelo simples fato que Deus as compreendeu primeiro e diante de tudo, como perfeitas aos seus olhos.

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