Recentemente, tive que fazer uma viagem rápida, coisa de poucas
horas, viagem para mim de ônibus é mais prazerosa que de carro, porque gosto de
refletir e refletir é tudo que resta para as pessoas quando estão viajando...
Afinal, quem pode apressar seu destino? O jeito é esperar que o ônibus nos leve em segurança aonde queremos chegar... Isso sempre soou como um paralelo com a
vida... Quem quer apressar demais acaba indo no pneu e sendo esmagado pelo
caminho. Recostei-me na poltrona quando o ônibus começou a se movimentar e
assim fiquei por uns 30 minutos, um murmúrio se ouvia atrás da poltrona, era um
casal “conversando civilizadamente”, para não dizer: tendo uma DR na viagem.
Este tipo de DR começa com um dos dois soltando uma indireta meio “sem querer”,
culminando em um despejo de verdades no depois. Eu ouvia, até porque, como disse
de início, foi bem civilizada, todavia, quando “verdades doloridas” saem,
mágoas afloram em ambos os lados. As cobranças surgem como canções antigas,
melodias ora afinadas, doem ao som do ouvido escutá-las. Você fecha os olhos e
até consegue sentir o tom, a cor, as notas musicais, percebe que a letra está
ali, um dia foi chamada de “AQUELA CANÇÃO”. Hoje não era mais... O casal falava
de um amor arrebatador que esfriou. Eu pensei: - Deus me livre a esta altura da
vida, cair neste conto de fadas... Não me julguem mal, mas tudo que arrebata - nos
toma um sopro de vida. Todo mundo, uma vez na vida, deveria sentir essa força,
mas do resto, devemos consumir amor como pão fresco com café em final de tarde
de padaria. Tem que ser suave e leve, para que se tenha tempo de conversar
sobre coisas que não sejam mais cobranças. Falar do passado como se fosse algo
que pudesse transportar como bagagem é cruel, não será na viagem que abriremos
a mala e descobriremos que tudo estava ali intacto. Os sons das palavras
cortavam o ar, cada qual com sua absoluta certeza e convicção que tudo começou
com o outro. Existia uma fragilidade impactante, tanto quanto cristais em uma
festa de criança, o medo era que o filho de alguém esbarrasse e tudo quebrasse
de vez, pronto, acabou!
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