sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A Lição de um cãozinho.


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Hoje pela manhã, na espera do semáforo abrir, percebi que à minha direita, em cima da calçada, havia dois cães... Um olhava para o alto, na direção do semáforo e o outro cabisbaixo para o chão. Quando a luz verde surgiu no semáforo, o primeiro passou pela faixa de pedestre... Eu ri, e todos riram a minha volta....mas o outro cão não atravessou, tentou fazer o mesmo, mas ficou paralisado em cima da faixa de pedestre; logicamente o semáforo permitia a todos seguirem em frente, porém por um ato que não sei explicar, ninguém partiu, todos ficaram dizendo: - Anda cara! Passa logo! O cãozinho corajoso parecia entender o medo do “amigo” e retornou com ele para o ponto inicial. Esta situação me remeteu a uma lembrança do passado, nos dias em que meu pai era motorista de ônibus em SP. Nas minhas férias eu viajava com ele, indo e vindo pelas ruas da cidade. Era época das férias escolares, e neste ínterim conheci um cachorrinho feito este da foto. Entre 13:00h e 13:30h, o ônibus chegava em uma determinada parada, nas Perdizes, onde tinha este cãozinho... Meu velho gostava de animais, e deixava-o subir... O modo como ele subia que era engraçado: - Ficava no ponto de ônibus e esperava olhando para o motorista, acho que aguardando um sinal de gentileza, meu pai dizia: - Sobe rapaz! – Ele subia ligeiro, ziguezagueando entre as pernas do povo, para plantar-se na frente do batente do motorista como primeiro de todos. Os passageiros em sua maioria achavam graça e não reclamavam. O cãozinho posicionava-se de uma forma que parecia saber que logo, logo seria sua vez de descer definitivamente...Eu percebia que o destino dele era umas 8 paradas depois da que ele foi aceito e tanto ele sabia disso que quando chegava nela, descia abanando o rabo e corria de língua de fora em disparada... Para gente só voltar a vê-lo alguns dias depois.
Cansei de ficar fitando-o, ali parado, com um olhar no horizonte, eu pensava que ele era gente, em um corpo de cachorro, e imaginava-a ali reflexivo, com saudades de algum lugar ou pessoa. Se houve algum ser que transmita paz e quietude, era este cão para comigo, meu pai nunca disse nada, só o aceitava para juntos viajarmos. Era uma viagem humanitária, onde esquecíamos que éramos separados por quatro patinhas.

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