Muita gente tenta compreender esse mundo sobrenatural das coisas, espíritos, milagres, profecias e etc. Concordo que é interessantíssimo, mas não me preocupo tanto com a cor ou tamanho dos fantasmas, como me interesso com o quão é complexo, enigmático o caminho que escolhemos.
Parece que para alguns é bem mais claro mais óbvio seguir por determinado caminho, do que para outros. É quase como se tivesse iluminado toda a trajetória, e ela sabe exatamente aonde ir e como chegar. Já em tantos outros casos, parece que nada é óbvio assim, nada está claramente definido na nossa cabeça. Eu tenho às vezes a sensação de estar em um mundo sob camadas e camadas, como uma cebola que vai caindo sua pele e por baixo existe outra camada, como é no caso das caixinhas japonesas, que a cada boneca que surge, nova boneca vai se encontrando dentro da outra.
Por inúmeras vezes me pego reflexionando esses assuntos, e se formos reparar, realmente algumas pessoas não possuem dúvidas alguma sobre o que quer e como conseguir. Até parece que o universo mostra o que existe depois do fim do arco-íris.
- Vá, lá e pegue - é teu!
E nas demais vidas, de bilhares de pessoas, simplesmente parece tudo um quarto escuro. Escuro e silencioso, onde nada indica a porta; se é que exista essa porta. Por alguns momentos eu mesmo, me sinto a tatear caminhando nesse escuro. A gente sabe que está indo por algum lugar, mas não tem a menor pista da vida. Ninguém aponta. Ninguém fala nesse escuro lugar. E, com medo, andamos mais devagar que as outras. Tropeçamos mais, machucamo-nos inúmeras vezes mais. As paredes quando existem e podemos tatear para achá-las, não encontramos os interruptores que poderiam iluminar aquele momento.
É sem dúvida, parte da nossa vida andamos às cegas. Voltar é uma opção, muita gente resolve voltar e por medo de se machucar fica fazendo seu eterno vai e vêm, intermitentemente indo para lugar algum. Vivendo e revivendo as mesmas emoções. Sobrevivendo das sobras.
Outras se paralisam e por receio de decidir o rumo da sua própria vida, ficam plantadas à espera que um socorro possa chegar.
E outra parcela da humanidade, luta a luta de sua vida. Seguir adiante? Desistir de tudo?
Não está claro como o universo escolhe essas pessoas. Nem sempre é por meritocracia, tese tão usual nesses tempos, mas que não explica a sobrenaturalidade das decisões monocráticas do mesmo universo, que determina que essa ou aquela tenha todas as oportunidades e respostas e as demais não.
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