Eu estava numa cadeira de rodoviária, esperando uma pessoa embarcar, enquanto aguardava, liguei meu modo “avião”, sim eu procuro me desconectar com a vida e ouvir meus próprios pensamentos, é salutar se você quer se entender melhor.
Escutei ao lado esquerdo uma mulher chorando e falando ao mesmo tempo no telefone, ela me viu, mas fingiu que não me viu, estava tão concentrada em expor sua dor que achou que eu não ligaria para ela. Sentou-se empurrando uma mala de viagem, cheia de outras malas, bolsas e um celular tudo junto, numa bagunça a primeira vista, mas depois entendi que era um projeto embarcando com ela. Por mais modo avião que eu possa ter, não resisto prestar atenção na dor do outro. Tomo para mim como exemplo: - Você me prometeu que a gente iria morar junto, mas passou o fim de semana todo incomodado com minhas coisas! - Eu disse que viria! Não impus nada!
Caiu a ficha! Ele prometeu um namorido, ela entendeu uma esposa. Ele prometeu feriado a dois, ela casamento. A moça era linda, mas não parece que isso comoveu o solteirão a se decidir, bem... Ele não decidiu, ela veio por conta própria, cheia de promessas e projetos. O então “sortudo” revelou-se incomodado, tão qual doente de alergia que viu o corpo todo se coçar com aquela presença de mala e cuia na sua porta. Não disse não: - Mas foi como se fosse! Preferiu menosprezar, chatear, implicar com a dedicação que aquela jovem morena impunha em sua vida.
Promessa machuca! Mais do que esperança, ele deu a ela uma visão do que poderia ser. Ela estava repleta de convicção muito mais do que razão - tinha na voz decepção. Não houve resgate na rodoviária. Nem cena de televisão. O ônibus partiu...tanto quanto partiu o coração dela.
Antes de julgar, cabe sentenciar que não sofremos por aquilo que já foi feito, sentimos a dor pelas promessas que não se realizarão. O que se promete a dois vira fantasia, muito mais que só dizer, se torna parte do projeto. Portanto valorize até uma promessa de café, principalmente se você se importa com pessoas inteiras.
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