sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Minha torre...

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé, nuvem, céu e atividades ao ar livre
Quando era pequeno, eu tinha uma laje para me assegurar dos medos.
Tudo que acontecia comigo, de bom ou de ruim, corria e subia bem alto. Nas vezes que antecedia uma surra, lá estava eu a pensar como entrar em casa.Quando queria chorar, subia para esconder minhas lágrimas.Cansei de fugir à noite para ficar na minha laje. No inverno, ela molhava, mas eu me sentava no cantinho dos cantinhos mais secos. No outono, ela assoviava pelo forte vento que soprava ao sul, na primavera, tinham as folhas que se deixavam serem trazidas pelas arvores que mudavam de planos. Mas, no verão... eu a fazia de piscina... Enchia latas e latas e tomava banho e jogava água nos outros que passavam debaixo.
Era só minha! Cansei de ganhar batalhas duríssimas dos moleques que queriam invadir minha fortaleza. Planejava guerras, municiado de mamonas e estilingue, eu a defendia com orgulho de sozinho ser dono de uma laje. Através da laje, eu aprendi a subir em árvores, comer manga, goiaba, jaca, abacate e tantas frutas que nem lembro mais. Sobre minha laje, eu contava estrelas... minha mãe advertia que nasceriam verrugas...Eu também acreditava que Deus sabia brincar. Lá na minha laje eu aprendi a orar uma oração que contava histórias do coração. Ouvia minha mãe reclamar das roupas no varal, atiçava meu cachorro a latir, enxergava ao longe meu pai chegar, e descia mais rápido que nem balava podia pegar.
Eu já fui menino que sabia subir em laje.

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