sexta-feira, 22 de julho de 2016

Minha Infância - Fase do aprimoramento



Lembrando das pulseiras

Eu estava vendo agora uma matéria velha sobre as pulseiras coloridas e como elas foram totalmente desvirtuadas da conotação infantil que tivera nos anos 80.
Eu também as usei, e olha que sou de 74. Mas não existia essa de sexo pela cor! Nem sexo existia, existia apenas a diversão de ter pulseiras de silicone que mais pareciam plástico com água dentro.
Tudo era novidade, era uma diversão só.

Daí meu amigo, eu voltei ao tempo geral. Lembro-me dos anos 80 como a época da breguice total. Do surgimento do novo mundo. Tudo que rolava na TV estava vindo pra gente.

Eu comecei  aos sete anos logo a possuir um relógio. O relógio do Mickey! Eu achava maior barato, gostava muito. Era de dar corda, você colocava no braço e saia mostrando pro povo sem nem saber as horas. Também foi uma das únicas coisas que eu ganhei que eu adorava.

A situação financeira de meus pais não ajudava muito a ter o "do bom e do melhor". Quando meu relógio do Mickey quebrou, ganhei de meu pai um cebolão da Citizen. Eu achava maior ridículo usar aquele cebolão, vivia fingindo que não sabia onde tinha deixado.

Depois veio a moda dos tênis. Porra, meus tênis de preferência, de verdadeira adoração era os All Stars, Bamba, Rainha Topper e outros...

Sabe o que eu ganhei? Uma bota ortopédica!!

O fdp do médico disse que eu tinha pés chatos e que poderia acabar tendo que usar aqueles aparelhos que o personagem d filme Forrest  Gump usou quando criança. Eu meio que apavorei. Minha mãe conseguiu comprar umas botas do tipo Frankenstein Junior.

Minha primeira decepção foi na aula, acabei descobrindo que quando eu caminhava o assoalho todo de taco fazia um maior barulhão, e isso era só um estopim para a galera me zoar lindo.

E quando eu jogava bola? Eu já nem era lá essas coisas jogando de tênis. E com botas ortopédicas então – vix !!! Não tinha a menor chance de acertar uma bola.

Certa vez estava na rua batendo uma bolinha com aqueles gols feitos de pedras de paralelepípedos em cada lado do campo improvisado na rua.

Era dia de pelada acirrada. A rua lotada de meninos.

Certa altura sobrou à bola pra mim, eu subi ao ataque com aquele jeito todo sofisticado de carregar a bola com minha bota “especial”. Quando me deparei com o golzinho aberto, só deu pra mim, era minha vez de fazer o gol e sair vitorioso.

Parênteses na historia.

Nesse dia tinha uma babá que era empregada da nossa vizinha, e tomava conta do filho dela que tinha quase 2 anos o moleque.
Eu achava essa babá super gatinha. Maior infante-apaixonite por ela; eu dava tudo pra ficar vendo aquela loirinha de olhos verdes sorrindo timidamente para mim toda vez que a gente se cruzava. Note que eu fazia que isso acontecesse todos os dias. Nem que eu ficasse plantado na rua sob o sol quente.

Fecha Parênteses.

Pois bem, ela estava naquele dia da partida, que por sinal -tinha mais de quatro galeras das ruas de cima e de baixo. Parecia final Corinthians e Palmeiras.

Eu lá pronto pra chutar, era só finalizar, pronto bati firme na bola.

O que eu imaginava era que a bola seguiria reta para gol, não que ela fizesse uma curva, igual tacada espirrada de mesa de sinuca. A bola simplesmente saiu toda torta para a esquerda, como se eu tivesse apontando pra calçada e pros “torcedores”, que estavam no mínimo esperando o gol e não um pé torto  como eu que tivesse feito isso...

O que aconteceu foi doloroso demais pras minhas pretensões românticas. Eu simplesmente consegui acertar a testa do guri que estava nos braços da babá...  fazendo-o cair pra trás junto com ela que estava de vestido curto, mostrando todos os fundos para a rua toda.

Foi o auge da minha humilhação!
A molecada dando maior gargalhada, a mina com o guri chorando com um baita vermelhão na testa. A mãe do garoto correndo abanando o menino  para não engolir o choro de roxo que ficou. E a maior bronca na pobre da babá que não era lugar pra ela estar com o filho dela.

Amigos... Fui banido completamente da vida da loirinha. Nunca mais ela nem olhava de lado. Ela manteve o emprego e eu perdir a cara em algum lugar no chão.

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