quinta-feira, 27 de agosto de 2020

LÍNGUA DE COBRA


Falar mal dos outros – a fim de entregar um erro – mesmo que este erro não tenha nada a ver com você, é quase uma escorregada, se não for totalmente uma entregada dos nossos próprios medos ou desejos.
Veja bem: Você não fala mal do seu ex-relacionamento sem sentir algo ainda por aquela pessoa. Tanto quanto não critica o chefe, sem existir um processo corrosivo dentro de você para com ele. Nem entrega o outro, mesmo que isso não esteja te afetando, só por assim dizer.
Seja por quaisquer sentimentos ainda não colocados para fora, o que torna a fofoca um ato apelativo é que ela dita com tanta certeza, que faz parecer que quem a diz, faz como se ela mesma fosse o outro. É uma vontade de ser não sendo. Por isso faz a fofoca com tanta intensidade.
Não estou falando do ato de reclamar do vizinho que escuta som alto até de madrugada, estou descrevendo o ato de se importar demais em expor a vida do outro, só para se sentir melhor. Quem quer que esteja fazendo isso, está assumindo um elo muito mais estreito do que pensa em esconder. Ninguém deixa de viver a sua vida para distorcer a do outro em vão! Ela quer que este sofra, para ser feliz depois de destilar o veneno.

 

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