Sou nada religioso, deixei de acreditar na santidade dos homens que
curam outros homens para serem divinos. Mas, ainda possuo certas superstições
sacras. As mantenho para me dizer o quanto sou pequeno. Acredito no poder do
talismã que cultivo dentro de mim. Acredito que espelhos são como riachos que
correm pelas paredes. Refletem nossas desavenças, repetem os nossos erros,
cheios de memória, eles captam o melhor e o pior de mim. Talvez, por isso eu encobria todos eles
quando garoto. Espelhos comunicam a verdade nua e crua de quem você é; não do
que pensa que é.
Creio também em energias, telepatia de pensamentos comuns e na tangibilidade
de se tocar em alguém sem estar presente. Se não aceitar que existem coisas nas
quais ainda não compreendo, a vida fica muito vazia - perdida sem uma alma.
Viver não é só dar nós em cadarços de calçados. Acredito também em pessoas que
são eternas barreiras, para tudo que se argumenta, existe uma porta fechada em
sua vida. Uma vez eu dormia no quarto da
casa de minha avó, acordei no mesmo horário de sempre: Nenhuma outra
preocupação, nenhum perturbação, sono limpo dos justos, a diferença é que ao
olhar para o teto, eu vi o céu, sem explicação alguma, todas as telhas da parte
da casa em que eu dormia caíram. Nenhum som. Nenhum aviso. O sol iluminava-me o
rosto em dia de domingo, céu azul, dia esquisito. Acreditei daquele episódio em
diante, que certas coisas são feitas para só nós acreditarmos, mais ninguém.
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