quinta-feira, 23 de março de 2017

E continuo reticente com a moda da foto perfeita para os outros verem

Não sou contra quem as faça para deleito e realizações narcisistas próprias. Até porque tem quem não consiga viver sem colocar para fora o que sente. E se for para piorar de vida, que fique praticando seus vícios tecnológicos.

 

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Eu sou um profissional TI, qualificado nos tempos pré históricos da computação. Da criação de códigos binários brutos, muito antes do surgimento no Brasil da parte gráfica, que deu início com o antigo Windows 3.11. Passei por todas as etapas da comunicação telefônica, satélite, rádio, e hoje fibras óticas de grande velocidade. Talvez por ter aberto computadores demais, celulares demais, visto e feito páginas e sites para dezenas de clientes, eu tenha vislumbrado sem querer o mundo oculto por trás dessas coisas. Mergulhei mesmo sem ninguém mandar nas esquinas e ladeiras sujas dos segredos humanos por trás das fotos e vídeos postados. Cansei de ter que me negar a quebrar senhas, implantar vírus, espionar redes e celulares à mando de conjugues e casais ciumentos. Não é que eu tenha me recusado a vida toda, é porque sempre sei o resultado da frase manjada : " Quem procura, acha! ".
Não foi a primeira e nem última vez que uma esposa aflita me pedisse para apagar o notebook ou celular do zero, em nível de formatação zero bites. Lógico querendo apagar com isso seus erros ou escapadas para motéis, com conversas picantes e fotos altamente comprometedoras. Em todos os gêneros, digo sem medo de errar: - E 50% para os dois lados. Não tem isso de homem é mais ousado e safado. Os dois praticam as mesmas peripécias sexuais e logo as desculpas são as mesmas. É no meio da semana, na horinha mais propícia que tudo acontece.

Então, me perdoe se sou descrente com as fotos " perfeitas " de retrato de família. Eu não acredito mais nisso, já alguns anos. Eu posso sim, acreditar que ali foi o registro autêntico de um sentimento pontual. Estavam felizes. Estavam extasiados. Havia amor. Só não acredito que é assim cotidianamente.

Como tenho os dois pés atrás com quaisquer sequência de fotos, que registre um mini big brother da sua vida. Se em um universo de 100 pessoas, somente 10 viessem à público para dizer que o que elas fazem, e divulgam, é algo que inspira as outras pro bem, e que as torna felizes por serem modelo, e coisa e tal... Eu mudo de pensamento. Porque até que minha experiência de vida e observações, seja desmentida, só consigo ver alguém tentando se encontrar e ser encontrada. É um pedido de socorro virtual, transmutado de autoajuda e um pouco obsessão pelo visual. As nossas curtidas são hoje um aspecto importante. Parece que nos colocam em evidência com o mundo. Nos torna parte de algo maior ainda, uma cadeia de amigos que sem os quais, nos tornaria uma pessoa simples. E simplicidade parece ser o que menos as pessoas querem. A casinha de sapê virou letra sem sentido.

Pouco me importa em quais lugares as fotos são produzidas. Importa muito menos as razões escritas e declaradas. Ninguém é sincero quando diz que está muito bem. Até bem, sabemos o muito bem, dura até o momento que uma contradição desfaça tudo. Eu volto a repetir: entendo perfeitamente que o momento fotografado é pontual e pode ser verdadeiro; só não me iludo com perfeição do contexto que se quer colocar.

E, por favor, me tire do modelo à ser seguido. Espero nunca ser parâmetro para as pessoas. Nem motivação por algo que realizei. Quem espera ser objeto de motivação de outra, está plenamente perdida. Passamos 99,99% da nossa vida em conflito com erros e acertos, como é que serviremos de modelo? A gente no máximo transmite experiência e visão para outras pessoas. E cabe a cada um colher os dados e tirar o que de melhor serve. É assim que eu penso. Desculpa pelo textão.

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